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Governo da Rússia passa a oferecer visto digital a jato para 53 países

Medida está em vigor em São Petersburgo desde o dia 1º; brasileiros não precisam do documento

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Henry Meyer Anna Andrianova
Bloomberg | Bloomberg

As férias dos sonhos de Norma Garca envolviam uma viagem com sua filha por antigos impérios da Europa e do Oriente Médio, mas o sonho quase morreu antes de começar, por obra do Estado de Vladimir Putin. 

As duas mexicanas não precisaram de vistos para a França, e as autorizações para visitar a Turquia foram obtidas rapidamente, online.

Mas no caso da Rússia foi necessário contratar um entregador para levar os passaportes à embaixada na Cidade do México, a cerca de 500 quilômetros de sua cidade, Aguascalientes, acompanhados por provas de que elas tinham passagens e reservas em hotéis. Depois de semanas, receberam a aprovação.


“Eu fiquei muito nervosa, porque ninguém dizia o que estava acontecendo com nossos passaportes”, diz Norma.

Vendedor espera por clientes em sua loja de matrioskas em São Petersburgo, na Rússia - Andrey Rudakov/Bloomberg

Se as duas tivessem esperado um pouco mais, Putin teria tornado a visita à sua cidade natal mais fácil e barata.

Em 1º de outubro, São Petersburgo adotou um regime de vistos eletrônicos gratuitos com prazo de 96 horas para cidadãos de 53 países. O resto da Rússia seguirá o exemplo em 1º de janeiro de 2021, com taxas de no máximo US$ 50 (R$ 204). Brasileiros são dispensados de autorização para estadas de até 90 dias no país.

Os vistos valerão por oito dias, e o prazo dobrará quando o sistema nacional for introduzido. Autoridades receberam mais de 3.500 pedidos de visto no dia em que o novo regime entrou em vigor.

Assessores de Putin dizem que o presidente se convenceu de que é possível lidar com um grande fluxo de estrangeiros sem comprometer a segurança depois da Copa de 2018.

“A Rússia agora vê o turismo como estratégico. É nossa tarefa receber milhões de novos turistas”, diz Zarina Doguzova, funcionária do governo à frente da iniciativa de abertura.

Ausentes da lista de países com acesso a vistos eletrônicos estão os membros da aliança de compartilhamento de informações Five Eyes: Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido. Turistas vindos desses países seguirão tendo de fazer como Garca e sua filha.

Facilitar a entrada para visitantes da maior parte do planeta também se enquadra à imagem de poder brando que o Kremlin gosta de projetar, , segundo Sergey Galkin, ministro-assistente de Economia.

“Queremos que os estrangeiros vejam a Rússia não pela tela da Fox News, mas por intermédio das pessoas que eles conhecerão aqui”, disse.

O ministério da Economia prevê que o sistema de vistos eletrônicos conduzirá a um aumento de quase 300% no faturamento do setor até 2035, para US$ 29 bilhões anuais (R$ 118,4 bi), o que levaria o país para o top 10 dos principais destinos do mundo. A Rússia recebeu 25 milhões de turistas em 2018, mas só um terço deles vieram de fora da antiga União Soviética.

O maior país do planeta tem muito a mostrar, mas é São Petersburgo sua maior atração turística. Autoridades locais a descrevem como a “Veneza do Norte”, por seus canais grandiosos, suas coleções de arte e seus edifícios rebuscados.

A estatal Rostourism está começando a primeira campanha mundial de publicidade promovendo o país. O tema ainda não foi determinado. 

Igor Kalashnikov, que dirige a filial da agência de turismo UTS em São Petersburgo, mal pode esperar pela chegada dos grandes gastadores da Europa Ocidental e do Japão.

Para ele, o sucesso do programa de vistos eletrônicos dependerá da campanha publicitária. Ele insta as autoridades a escolher um lema conhecido; um dos favoritos é “da Rússia, com amor”, título de um filme de James Bond.

Tradução de Paulo Migliacci

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