​​Há 20 anos, o jornal Notícias Populares contou a história da paciente de Londrina que foi operada do coração e que a equipe médica, sem alternativas para finalizar a cirurgia, colou o coração com a cola Super Bonder.

O caso ocorreu em março de 1997, mas só um ano depois os médicos revelaram o que aconteceu e a razão de tal medida.

Nem mesmo a paciente, Joana Woitas, sabia que seu coração havia sido colado. A equipe médica aguardou para se certificar de que ela ficaria bem.

"Quando eu soube, fiquei três dias com dores no peito de susto", contou na ocasião a paciente. "Mas, se não tivessem feito [colado o coração], eu não estaria mais viva."

O cirurgião Francisco Gregori Júnior disse que Joana tinha sofrido um infarto e que "tinha um rasgo de um centímetro no coração". "A gente tentou costurar, mas o buraco só aumentava." 

"Foi um ato de desespero", afirmou.

O médico utilizou colas biológicas, mas elas não funcionaram. Ele se lembrou então de quando seu filho certa vez grudou os dedos quando brincava com Super Bonder.

Gregori pediu, então, que comprassem a cola para que pudesse terminar a cirurgia. "O que eu fiz não tem nenhuma comprovação científica, mas não havia outra opção", declarou.

'IRRESPONSÁVEL'

O uso da cola Super Bonder numa cirurgia cardíaca foi um procedimento grave e antiético. A opinião foi de Nabil Ghorayeb, à época presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Para Nabil, o médico de Londrina deveria ter tentado usar outras técnicas. Em último caso, poderia até ter sido feito um transplante.

"Ele fez uma experiência com uma pessoa", falou o cardiologista. "Médico não tem que tentar o impossível."

Segundo Nabil, havia o risco de a cola desgrudar com o tempo e até acontecer uma infecção. "Eu não aplaudiria essa operação", declarou.