Jairo Marques

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Por que a energia limpa se tornou a prima rica da diversidade?

Embora sejam da mesma família de intenções, a primeira já encanta novas maneiras de lucro; a segunda, capenga ainda no básico

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Elas nasceram praticamente juntas, em meio a brados de um mundo melhor, mais justo, mais equilibrado, menos prejudicial a nossa saúde física e mental. Todos em defesa de condições de vida que respeitassem o planeta e as pessoas.

A busca pela energia limpa e por princípios da diversidade eclodiram de maneira a impactar os negócios, os ambientes, o "serumano" e a distribuição do dinheiro.

Embora sejam da mesma família de intenções e estirpe, a primeira já encanta novas maneiras de lucro; a segunda, capenga ainda no básico, ser considerada extremamente legítima e necessária.

Torres gigantes em forma de cata-vento estão enfileiradas em uma área deserta; ao fundo, um pôr-do-sol
Produção de energia limpa do parque Eólico Neoenergia, no município Rio do Fogo, no litoral do Rio Grande do Norte 27.mai.2021 - Alex Régis/Folhapress

O distanciamento entre as primas ganha terreno com amplo potencial de cultivo. Setores se movimentam com energia e vigor para serem mais verdes e não perderem o bonde financeiro, afinal, a ponta do consumo é transparente, neste caso. O afago à diversidade ainda é questão "mais social", ainda vista como ônus, gasto.

Mas penso que nem tudo está perdido nesta corrida e vai da sociedade pressionar para que as primas não rompam suas essências vindas, justamente, de clamores populares e conscientes.

Grupos diversos escanteados historicamente, poderiam, por exemplo, ter incentivos para adoção das novidades vindas da pungente indústria verde, como automóveis menos poluentes, equipamentos sem uso de combustíveis fósseis, acesso à energia de fontes limpas.

A compra de carros elétricos e híbridos, por sinal, já tem tido benefícios fiscais aqui e ali para turbinar o negócio. Por que não haver um bônus a mais para pessoas com questões de mobilidade, uma vez que o atual modelo de isenções para esse público foi para o brejo?

A mão de obra para esses novos negócios, nos mais variados patamares hierárquicos, poderia ser também contratada com prioridade dentre aqueles marcados por sua condição física, intelectual, étnica, geracional e de renda.

Se a ideia é um novo começo na relação com o ambiente, com o planeta, nada mais justo, honesto e concreto do que dar oportunidade de dança a quem sempre ficou fora do baile, não?

Os avanços tecnológicos gerados a partir da evolução da energia limpa, desde suas concepções, também poderiam chegar com endereço prioritário à diversidade.

Dessa maneira, ela trabalharia pelo combate ao etarismo –com parafernália de apoio aos velhos—, pela igualdade de gênero, pela economia do cuidado e pela diminuição das desigualdades ao mesmo tempo que preserva, que restaura, que gera esperança de dias melhores.

Na atual toada, sem uma clara manifestação de governos, sem metas e comprometimentos sacramentados em torno da harmonia entre as primas, corre-se seriamente o risco de apenas haver a festa da grana pela monumental troca das matrizes energéticas ao redor do globo, sem que isso impacte o que é essencialmente humano.

Os promissores valores entre as duas diretrizes, a da energia limpa e da diversidade, são de fato diferentes à luz dos lucros que prometem e inspiram. Tudo bem ser assim. A reflexão que insisto aqui é sobre a gênese dessa família, que prometia mudanças substanciais em nosso modo de nos relacionarmos e estarmos no mundo.

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