A melhor posição já alcançada no ranking mundial em toda a história brasileira de participações paralímpicas, o maior número de medalhas já conquistado por uma delegação nacional nos Jogos, uma impactante contribuição dourada feminina, feitos recordes em várias modalidades, atuações consagradas.
O desempenho do Brasil paralímpico, em Paris, abre uma nova fronteira de possibilidades: os atletas brasileiros se despedem do título de potência e passam a rumar ao seleto grupo de superpotências dos esportes das pessoas com deficiência, onde triunfam há décadas China, Grã-Bretanha e EUA.
No ritmo de conquistas que impôs em terras francesas, não será surpreendente ver o emblema brasileiro figurando no top três paralímpico já na próxima edição do megaevento, em Los Angeles 2028.
É preciso render graças primeiramente aos atletas, é claro, para a exitosa campanha, mas é extremamente relevante citar que as inéditas marcas estão ligadas também a uma gestão completamente inclusiva e imersa no universo dos jogos das pessoas com deficiência.
O atual presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, é cego e ex-jogador medalhista do futebol de cegos. O vice-presidente é o também campeão no atletismo Yohansson Nascimento, que tem deficiência física. Outros cargos dentro da estrutura organizadora também são ocupados por gente com questões físicas, sensoriais e intelectuais.
Uma das obsessões de Conrado foi lançar a rede de busca de talentos de maneira ampla pelo país, por meio das paralimpíadas escolares. Ele e sua equipe conseguiram, em dois ciclos de competições, uma importante renovação do elenco do país o que se mostrou claramente exitoso.
Dar condições ao alto rendimento para que seus representantes fiquem no topo é importante, mas olhar para a base e criar uma maneira sistemática para que surjam novos nomes e futuros campeões é fundamental.
A partir de agora, candidato à superpotência do mundo, o conjunto paralímpico tem toda a possibilidade e os trunfos para garantir o que ainda não existe de uma maneira sistemática para suas realidades: sossego aos competidores para treinarem, viverem bem e terem tranquilidade mental para o bem representar da nação.
Sangrando um tonel de ouro e outros metais preciosos, além de visibilidade planetária de seus desempenhos, os competidores nacionais esperam a multiplicação de patrocínios, o incremento e a manutenção das bolsas de suporte governamentais e mais, muito mais amparo social.
Despeço-me desse espaço precioso e empolgante também com um saborzinho de dever cumprido e pitacos que pareceram certeiros. Laureio os leitores pela paciência e prestígio da atenção.
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