No dia 1° de setembro de 1902, o filme ‘Viagem à Lua’, de Georges Méliès, foi exibido ao público pela primeira vez. A projeção do curta com pouco mais de dez minutos aconteceu no teatro Robert Houdin, no número 8 do Boulevard des Italiens, em Paris.
O pioneiro do cinema baseou-se nas obras ‘Da Terra à Lua’, de Júlio Verne, e ‘Os Primeiros Homens na Lua’, de H.G.Wells, para criar um filme único, considerado por muitos a primeira ficção científica da história do cinema. Nele, Méliès explorou todas as técnicas de efeitos especiais que desenvolvera a partir de seus conhecimentos de ilusionismo.
A esta altura, Méliès já tinha realizado mais de 250 filmes por meio de sua produtora, a Star Films, fundada em 1896. Seduzido pela magia do cinematógrafo, ele havia montado seu primeiro estúdio na horta de sua casa, em uma vila perto de Paris. A seguir, confira curiosidades sobre 'Viagem à Lua'.
As filmagens
Méliès levou três meses para filmar ‘Viagem à Lua’. Entre os efeitos especiais utilizados pelo diretor está a sobreposição, em que ele interrompia a filmagem para retirar ou substituir o que estava filmando antes de retomar a gravação. Também usou a técnica de animação cut-out, feita com objetos e personagens recortados, e a dupla, tripla e até quádrupla exposição, além de cenários teatrais gigantes manipulados.
A equipe
Os personagens do filme são interpretados por atores, dançarinos do balé do Théâtre du Châtelet, de Paris, e acrobatas do Folies Bergéres, casa de espetáculos parisiense inaugurada em 1869.
Méliès também está no elenco, interpretando o professor Barbenfouillis, líder da expedição à Lua. Na época, os créditos dos filmes não traziam os nomes do elenco nem da produção. Anos depois, em uma carta, Méliès deixou o registro da equipe para a posteridade.
Custos
Os mais de dez minutos de filme, duração incomum para a época, custaram cerca de 30 mil francos, segundo estimativa do próprio Méliès. O valor corresponde a 12 milhões de euros (R$ 61 milhões) de hoje, considerada a inflação desde 1902, segundo cálculo do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos da França.
Cópias piratas
O sucesso do filme ultrapassou as fronteiras da França e chegou aos Estados Unidos por meio de cópias piratas antes, que Méliès conseguisse lançá-lo em território norte-americano, como planejava. A pirataria teria sido feita por técnicos da equipe de Thomas Edison. Méliès enviou seu irmão Gaston aos EUA, em uma tentativa de receber algum dinheiro pelo filme. O objetivo da missão não foi alcançado, mas uma filial da empresa de Méliès foi aberta em Nova York, para administrar os direitos autorais do cineasta.
Raridade encontrada
Em 2002, a versão mais completa do filme foi encontrada na França. Totalmente pintada a mão, ela tinha uma cena final que acreditava-se perdida. A sequência mostra uma celebração pelo retorno dos viajantes à Terra. O filme foi restaurado e exibido no ano seguinte no festival de cinema mudo Pordenone, na Itália.
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