A confusão no Senado em torno da chamada "taxa das blusinhas" aumentou o custo político dessa medida.
O centrão –que deu o pontapé inicial com a liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)– e o governo trabalhavam para aprovar essa tributação de compras internacionais de até US$ 50 na forma de um consenso.
Todos sabiam que essa seria uma medida muito impopular e que o país inteiro saberia quando ela fosse aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente.
Houve, no entanto, uma operação de redução de danos: a taxação foi incluída num projeto que discutia outro assunto, Lula (PT) fez um acordo com Lira para reduzir a alíquota de 60% para 20%, e a votação na Câmara foi feita de maneira simbólica –ou seja, sem que cada deputado tivesse que se manifestar individualmente. Nem a oposição fez muita força para barrar o texto.
O relator do projeto no Senado, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), quebrou esse consenso quando retirou a taxação do projeto original. Isso obrigou os grupos políticos favoráveis à medida a voltar à mesa de negociação e tentar conseguir os votos necessários para aprovar a medida.
Se a proposta passar no Senado, o desgaste já vai ser maior do que poderia ser. Se for rejeitado, provavelmente não vai ter condições de voltar a ser discutido por muito tempo.
Veja vídeo da análise de Bruno Boghossian.
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