Pela primeira vez no Brasil, uma associação de pacientes consegue na Justiça a permissão de comercializar flores de Cannabis. Trata-se da Salvar, de Sergipe, que oficialmente foi montada há um ano e meio para atender pessoas com indicações médicas para se tratarem com óleo de CBD (canabidiol, substância da Cannabis sem efeito psicoativo). A ONG tem 200 associados e até o fim de março funcionava sem autorização da Justiça.
A Salvar plantava, produzia o óleo e vendia os produtos a revelia da lei, correndo o risco de ser punida criminalmente. Atualmente, apenas nove associações estão autorizadas pela Justiça a fazer este trabalho no Brasil. A ONG sergipana resolveu ser a décima, mas fez um pedido mais amplo ao juiz Ronnivon de Aragão, o que tornou essa ação inédita.
"A estratégia processual foi contar a verdade, pois já vendíamos flores para pacientes, que preferiam outras formas de administração da Cannabis que não a oral", conta o advogado e vice-presidente da Salvar, Paulo Thiessen. Elas são muito usadas na inalação, uma forma que tem ação mais rápida que o óleo.
Ronnivon autorizou o cultivo, a manipulação, o preparo, produção, armazenamento, transporte, dispensa e pesquisa de Cannabis para fins exclusivamente medicinais. "Podemos comercializar todos as formas de produtos como pomadas, sprays, flores e óleos. Mas teremos de fazer uma série de adaptações determinadas pela Justiça", diz Thiessen. Ele avisa que em breve a Salvar vai fechar parceria com a Universidade Federal de Sergipe para pesquisa e melhoramento do produto comercializado pela associação.
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