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Valéria França

Farmácias de manipulação aumentam acesso à Cannabis no interior

Sem autorização da Anvisa, as empresas trabalham com liminar da Justiça

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cannabis manipulação de produtos
Roberta Travassos, dona de uma farmácia de manipulação em Americana, incluiu a Cannabis entre os produtos por meio de liminar - Divulgação

As grandes metrópoles possuem mais canais de acesso aos produtos medicinais derivados da Cannabis do que as cidades localizadas no interior dos estados brasileiros. Neste cenário, as farmácias de manipulação estão fazendo a diferença principalmente para as populações de pequenos municípios. Apesar de não serem autorizados a comercializar os produtos derivados da planta pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), os donos dos negócios estão judicializando a questão e, por meio de liminar, fazem cada vez mais parte das opções de local de compra dos pacientes.

Por exemplo, em Pirajú, cidade com quase 30 mil habitantes, do interior paulista, a Drogacentro virou ponto de referência de todas as cidades ao redor. Os pacientes fazem as encomendas no balcão e recebem em casa o produto formulado. Desde agosto do ano passado, quando a empresa conseguiu liminar para manipular CBD, as vendas aumentaram em 10%.

"Muitos clientes perguntavam se eu poderia fazer os produtos, por isso entrei com uma ação na Justiça, que concedeu liminar para que eu comercialize o produto", diz a farmacêutica Ana Paula Cury Francisco, 57 anos, proprietária da Drogacentro. "Antes os médicos da cidade não prescreviam porque sabiam a dificuldade de deslocamento dos pacientes", diz Ana Paula. "Agora isso mudou."

Roberta Travassos Gomes, de 41 anos, dona da Acácia, farmácia de manipulação de Americana, há seis anos tenta entrar nesse mercado. No fim de setembro, finalmente conseguiu com liminar da Justiça e começou a trabalhar com Cannabis na farmácia.

"Acredito no potencial da planta como fármaco. É mais uma estratégia de tratamento, para doenças que não respondem a medicamentos alopáticos", diz Roberta. Uma das grandes vantagens da manipulação apontada por especialistas é a possibilidade de personalizar o tratamento. Escolher o sabor e o veículo: óleo ou capsula, por exemplo.

"Em 2019, quando a Anvisa publicou a Resolução da Diretora Colegiada 327, que regula a comercialização de produtos derivados da Cannabis no Brasil, as farmácias de manipulação ficaram de fora", diz a advogada Claudia Mano, fundadora da Farmacam, associação das farmácias de manipulação e homeopatia.

"Em 2021, entramos com uma ação coletiva para reverter essa situação", conta Claudia que ainda briga na Justiça. Enquanto a entidade não consegue uma decisão favorável, os associados entram com ações individuais.

E isso não acontece apenas no interior. A maior farmácia de manipulação da capital paulista, a Buenos Aires, por exemplo, já incluiu o CBD na cartela de produtos manipulados. O setor espera que sejam incluídos no mercado na revisão da 327, que está para sair. As liminares são ferramentas jurídicas instáveis, com risco de serem caçadas, o que leva a insegurança nos negócios.

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