O primeiro campeonato mundial de gravel, modalidade que mistura características do ciclismo de estrada e do mountain-bike, acontece neste final de semana, na região de Veneto, norte da Itália.

A prova da categoria elite feminina abriu o evento na manhã deste sábado (8), consagrando a francesa Pauline Ferrand-Prévot como a primeira campeã mundial da nova modalidade. Também no sábado competiram as categorias amadoras para mulheres e para homens com mais de 50 anos, todas num circuito de 140 Km entre as comunas de Vicenza e Cittadella.

Para amanhã, domingo, será a vez da categoria elite masculino e das demais categorias amadoras. Para os homens da elite, a prova será mais longa, com 192 Km. O circuito principal de 140 Km, comum às outras categorias, será acrescido de duas voltas extras, de 26 Km cada, pelas ruas de Cittadella.

Dos 556 ciclistas participantes da prova inaugural, nenhum é brasileiro.

História

As gravel bikes, ou bicicletas do cascalho em tradução literal, não tem uma data de criação muito bem definida. Bicicletas de estrada adaptadas para competir em outros terrenos são vistas na forma de ciclocross desde o início do século 20, muito antes da criação do próprio mountain-bike, surgido em meados dos anos 1970.

A modalidade gravel ganhou um contorno um pouco mais distinto e o nome próprio a partir dos anos 2010, quando a indústria decidiu rever detalhes de projeto nas bicicletas de estrada para colocar mais uma opção de produto em seu catálogo.

O batismo da nova modalidade, que os críticos enxergam como uma grande jogada de marketing, fez crescer o número de adeptos e deu origem a um rentável novo segmento de bicicletas.

Pneus com cravos, como nas mountain-bikes, e guidões aerodinâmicos "enrolados", como nas estradeiras, são as características mais evidentes. Mas há pequenos detalhes que alguns julgam muito importantes, como a relação de marchas específica e a geometria do quadro —nem tão aerodinâmica, como nas estradeiras, nem tão manobrável, como nas mountain-bikes.

A mistura promete uma bicicleta mais veloz e confortável para estradas de terra com poucos obstáculos.

Polêmica

Apesar dos esforços dos projetistas e dos investimentos em marketing, a modalidade ainda segue sem conseguir demonstrar uma grande vantagem para os terrenos a que se propõem rodar.

É o que parece pensar o favorito para conquistar o primeiro título mundial de gravel, o holandês Mathieu Van der Poel. Ele decidiu usar uma bicicleta tradicional de estrada para a prova de amanhã. A única modificação nas características originais da estradeira foi nos pneus —Van der Poel decidiu usar pneus levemente mais largos, com alguns poucos e pequenos cravos.

Curiosamente, a decisão de Van der Poel já põe em xeque um dos principais conceitos da modalidade, a própria bicicleta gravel. E não é só ele, rumores indicam que outros ciclistas de elite também optaram pelas estradeiras, incluindo o eslovaco Peter Sagan, três vezes campeão mundial de ciclismo.

Se campeão, Mathieu Van der Poel dará um dolorido e caro xeque-mate nas ideias rebuscadas da indústria de bicicletas. Saberemos amanhã.

Para assistir

O canal da UCI no Youtube vai transmitir ao vivo as provas de domingo, a partir das 9h00 (horário de Brasília).