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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Descubra quanto rendeu uma carteira diversificada na última década

Uma carteira diversificada com perfil moderado perdeu do CDI em cinco dos últimos onze anos

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O conceito e efeitos da diversificação ainda são pouco compreendidos pela maioria dos investidores. Muitos acreditam que com a diversificação se é capaz de produzir uma carteira que nunca perderia do CDI. Outros atribuem à diversificação o poder de produzir sempre mais retorno. Discuto abaixo estes conceitos e quanto uma carteira diversificada com perfil moderado rendeu nos últimos dez anos e em 2022.

Eu (Michael Viriato) trabalhando nas tabelas apresentadas abaixo.
Eu (Michael Viriato) trabalhando nas tabelas apresentadas abaixo. - Michael Viriato

Vamos começar pelo conceito de diversificação e o que representa uma carteira com perfil moderado.

Não existe uma distribuição fixa para uma carteira ser definida com perfil moderado.

O perfil depende muito do tipo de produto. Por exemplo, uma carteira poderia ser formada 100% por um fundo multimercado de baixíssimo risco e ainda assim ser considerada conservadora.

O perfil também está atrelado ao horizonte de investimento. Por exemplo, um investidor, que pretende investir pelo prazo de um ano, estaria sendo agressivo se investisse integralmente em renda fixa referenciada ao IPCA ou prefixada com vencimento de mais de 10 anos.

Portanto, o perfil da carteira não depende somente da distribuição nas classes de ativos, mas também do tipo de produto e do prazo de investimento.

De forma geral, carteiras de investimento com distribuição de 40% a 80% em renda fixa podem ser consideradas como moderadas. Em nosso exemplo, vamos considerar uma carteira formada por 60% em renda fixa.

Retornos anuais de oito diferentes classes de ativos de investimentos divididos em renda fixa e ativos de risco.
Retornos anuais de oito diferentes classes de ativos de investimentos divididos em renda fixa e ativos de risco. - Michael Viriato

A diversificação não se resume apenas a dividir em vários ativos. Para se ter uma diversificação adequada, é importante distribuir em classes de ativos que possuam menor correlação.

A correlação é um conceito estatístico que mede a relação de movimento conjunto entre os retornos de ativos. Dois ativos seriam perfeitamente correlacionados se sempre se movem na mesma direção, ou seja, sempre que um tem o retorno positivo, o outro também sobe. Quanto menos eles variam na mesma direção conjuntamente, menor é sua correlação.

Perceba que o que vale para medir a correlação é a direção e não a intensidade do movimento conjunto entre os ativos.

A tabela acima apresenta o retorno anual de oito classes de ativos que investidores costumam distribuir suas carteiras.

Considere que um investidor monte uma carteira diversificada, distribuindo seu portfólio em 60% igualmente entre os quatro ativos de renda fixa e 40%, também de forma igual, entre os quatro ativos de risco.

A tabela abaixo apresenta o retorno anual desta carteira diversificada.

Retorno anual e relativo ao CDI (percentual do CDI) da carteira diversificada em 60% de ativos de renda fixa e 40% em ativos de risco.
Retorno anual e relativo ao CDI (percentual do CDI) da carteira diversificada em 60% de ativos de renda fixa e 40% em ativos de risco. - Michael Viriato

Desde 2012 até o final de julho, esta carteira teria perdido do CDI em cinco dos onze anos. Apesar disso, o retorno acumulado nos 10 anos e sete meses superou 141% do CDI.

Neste ano, a carteira estaria apresentando o segundo pior ano da última década. O retorno de apenas 12% do CDI é um resultado decepcionante para quem decide correr risco.

Olhando isoladamente o ano de 2022, um investidor poderia argumentar que a diversificação não compensaria.

Talvez um investidor imagine que teria obtido melhor desempenho se tivesse distribuído 100% apenas nos quatro investimentos de renda fixa, pelos últimos onze anos.

Evolução de um investimento de R$100 ao final de 2011 em duas carteiras: uma distribuída em ativos de renda fixa e outra diversificada como descrito no texto.
Evolução de um investimento de R$100 ao final de 2011 em duas carteiras: uma distribuída em ativos de renda fixa e outra diversificada como descrito no texto. - Michael Viriato

O gráfico acima apresenta a evolução de um investimento de R$ 100 na carteira de renda fixa e na carteira diversificada. Em todo o período, o investidor que aplicou apenas no CDI ganhou 137%. Se dividiu em outros indexadores de renda fixa, ganhou 175% no período, ou seja, 127% do CDI.

No entanto, se aceitou ter um pouco mais de risco e diversificar, praticamente triplicou seu capital investido com retorno de 194%, superando 141% do CDI. Mas, o benefício não foi apenas no retorno.

Podemos medir o risco pela volatilidade, ou seja, pela dispersão dos retornos.

Se calcularmos a razão entre o retorno e o risco, temos um índice conhecido com Sharpe que mede o retorno por unidade de risco.

O Sharpe da carteira diversificada ficou em 1,48, contra 1,42 da carteira de renda fixa.

Embora no curto prazo possam apresentar retornos menos favoráveis, para o longo prazo, carteiras diversificadas ainda devem resultar em um melhor balanço de retorno por unidade de risco.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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