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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu inflação juros Selic

Entenda se faz sentido comprar Tesouro Prefixado com retorno menor que a Selic

A taxa dos títulos prefixados já consideram uma forte queda da taxa Selic, mas ainda há prêmio

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As taxas dos títulos públicos federais prefixados na plataforma do Tesouro Direto estão todas bem abaixo da taxa Selic atual. De fato, a rentabilidade destes títulos é similar ao retorno da poupança. Desta forma, será que faz sentido investir neles?

Os títulos prefixados do Tesouro possuem prêmio, mas o balanço de retorno e risco não é interessante. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK502 - REUTERS

Existem três títulos prefixados disponíveis para investimento no site do Tesouro Direto. Dois deles não possuem pagamento de juros intermediários e possuem vencimento de 2026 e 2029. O terceiro título possui pagamento de juros semestrais e vencimento em 2033.

O retorno destes títulos estava na sexta-feira entre 10,34% ao ano e 10,71% ao ano.

Se considerarmos uma alíquota de IR de 15% sobre os rendimentos, esta rentabilidade cai para a faixa entre 8,78% ao ano e 9,10% ao ano.

O retorno mensal da poupança está, atualmente, em 0,7% ao mês. Isso equivale a um retorno anual de 8,7% ao ano. Portanto, muito próximo do retorno líquido de IR do título do Tesouro prefixado.

Portanto, os títulos prefixados do Tesouro não são atrativos para quem investe com horizonte de menos de 2 anos.

Entretanto, é preciso lembrar que a taxa Selic deve cair para 9% ao ano no fim de 2024. Adicionalmente, deve cair para 8% ao fim de 2025.

Assumindo que a Selic fique estável em 8% ao ano de 2025 até 2029, então o rendimento da Selic até o fim de 2029 deve acumular 72,4%.

O título público prefixado com vencimento em 2029 tem hoje taxa de 10,67% ao ano. Este retorno acumulado de hoje até o fim de 2029 deve resultar em uma valorização de 93,3%.

Logo, o retorno deste título prefixado deve ser superior ao CDI e à Selic se o horizonte for de longo prazo, ou seja de cinco anos ou mais. Até 2029, o resultado deles deve ser de 128,8% do CDI.

Entretanto, há um risco razoável na aquisição destes títulos, pois podem ocorrer duas situações. Ou a Selic pode não cair tão rápido quanto o mercado espera ou a inflação pode voltar a subir e a Selic não permanecer em 8% ao ano como usei na projeção.

Portanto, apesar de os títulos do Tesouro prefixados ainda terem algum prêmio, não considero atrativo o balanço de retorno por risco de se investir nestes títulos.

Se deseja investir em títulos prefixados, prefira CDBs dentro da garantia do FGC ou ter uma carteira bem diversificada de títulos privados isentos de IR de boa qualidade de crédito.

Para este prazo de 2029, há CDBs com taxa superior a 12% ao ano. Também, há CRIs prefixados com taxa próxima a 11% ao ano isentos de IR. Uma taxa isenta IR de 11% ao ano equivale a um retorno bruto de IR próximo de 13% ao ano. Logo, bem superior à taxa do título público.

Estas taxas mais elevadas nos títulos privados bancários e corporativos possuem uma margem de segurança para caso a inflação volte a subir no futuro. Principalmente no caso dos CDB, que possuem a garantia do FGC e, portanto, são muito seguros.

De fato, com a queda nas taxas prefixadas e com a forte queda recente do IPCA, o mais seguro neste momento é focar nos títulos referenciados ao IPCA. Nestes títulos, se a inflação voltar a subir, você garante um juro real fixo e bem positivo. A mesma garantia não existe nos títulos prefixados.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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