De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Este pensamento salvou minha aposentadoria

O fato de eu ter desenvolvido este hábito quando jovem, responde por grande parte de meu patrimônio atual

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Em 2000, pouco mais de 2 anos após terminar a faculdade, lembro que conversava com um amigo da faculdade e ele me criticou: "Cara, qual o sentido de você se preocupar em poupar agora. O que você ganha quase não dá para pagar as contas. Melhor aproveitar agora e quando estiver ganhando mais, você poupa". Sem fazer contas, e pensando no bem-estar que traz o consumo imediato, o argumento não é de todo errado. Mas, o fato de eu não seguir esse pensamento, fez toda a diferença hoje.

Ilustração de uso geral economia mercado dívidas dinheiro valor moeda inflação população economia poupança cofre
O fato de eu ter desenvolvido este hábito quando jovem, responde por grande parte do meu patrimônio hoje. - Catarina Pignato

Naquela época, 40% de meu salário era consumido pelo aluguel e despesas domésticas. Do restante, o curso de pós-graduação e atividades de lazer consumiam quase tudo. Sobrava algo próximo de R$ 200 para investir.

Realmente, parece muito pouco para se guardar. Quando se pensa em uma aplicação de R$ 200 sozinha e o que ela rende juros, pode desmotivar. Ao mesmo tempo, o consumo destes R$ 200 pode te trazer um salto de satisfação instantânea. Por exemplo, usar este recurso em uma festa, em um show, ou algo parecido.

Entretanto, não se pode pensar em uma única aplicação isolada. A poupança frequente é constituída de um conjunto de aplicações de R$ 200 mensais e do poder de composição delas ao longo do tempo.

Afinal, não se desenvolve uma floresta com uma única semente. Apenas, o plantio sistemático destas sementes e o tempo te levam à grande transformação. O mesmo ocorre com o dinheiro.

Não se iluda. Se você não desenvolver o hábito de poupar quando ganha pouco, vai ter uma dificuldade de poupar também quando ganhar muito. Quando falo pouco, estou mencionando qualquer que seja seu nível de renda atual.

Sei que muitos vão criticar aqui que o brasileiro médio não consegue poupar. Mas, não é só este que não consegue. A maioria dos que ganham muito tampouco consegue.

Sem dúvida, é mais difícil poupar quando se ganha pouco, pois os gastos com necessidades básicas consomem muito da renda.

Entretanto, por incrível que possa parecer para alguns, o conceito de necessidade básica se expande quando se ganha mais.

A maioria dos indivíduos que ganha mais de R$ 30 mil mensais não consegue poupar 10% de sua renda. Para aqueles que ganham R$ 3 mil, parece estranho falar que alguém que recebe 10 vezes mais não tenha capacidade de poupança.

No entanto, os mais afortunados também vão se justificar que gastam apenas o básico. O nível de gastos, usualmente, sobe com a renda. Às vezes, de forma ainda mais acelerada que o crescimento desta última.

O grande problema não é apenas o quanto se ganha, mas como se forma o hábito poupança. Essa disciplina é difícil.

Assim, se você não desenvolve o hábito de poupar quando ganha pouco, vai perceber que a dificuldade se prolonga ao longo da carreira e você segue adiando o início com o passar do tempo.

Falando em tempo, esse é o elemento crítico na formação de poupança. O poder dos juros compostos é o grande diferencial da formação de uma fortuna.

Quando se fala em desenvolver uma floresta, mais vale plantar várias pequenas sementes e esperar muito tempo do que plantar muitas sementes de uma única vez e esperar pouco tempo.

Portanto, comece hoje, mesmo que seja com pouco.

Em 2000, não existiam influenciadores de finanças pessoais como hoje, nem era comum encontrar pessoas em jornais falando sobre a importância de se poupar. Não sei ao certo o que me motivou.

Talvez a vontade de não ter de trabalhar a vida inteira. É possível que minha disciplina tenha sido instintiva ou tenha vindo de um hábito de criança de colecionar. Não importa o que me motivou, você deve encontrar o que te motivaria hoje a criar este hábito.

O pensamento de que eu precisava poupar, desde o início, foi um dos maiores diferenciais para a constituição do que tenho hoje.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

Fale direto comigo no e-mail.

Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.