A teoria da perspectiva ou Prospect Theory, como é originalmente conhecida, foi desenvolvida por Daniel Khaneman e Amos Tversky em 1979. Essa teoria explica o comportamento de investidores quando enfrentam situações de ganhos e de perdas. Apesar de Khaneman ter ganhado o prêmio Nobel em economia de 2002 pelo desenvolvimento desta teoria, brasileiros parecem desafiar o resultado.
Vou fazer propor dois testes adaptados para ilustrar e em seguida explico o que muitos têm respondido. O primeiro para entender a decisão em cenário de ganho e o segundo no cenário de perda:
Questão 1 - Considere as duas alternativas de investimento de R$ 10 mil e escolha uma:
I – Ganhar 13% ao ano com probabilidade de 100%, por 10 anos;
II – Ganhar 30% ao ano com probabilidade de 50% e 0 com 50% de probabilidade, por 10 anos.
Questão 2 - Considere as duas alternativas de investimento de R$ 10 mil e escolha uma:
I – Perder 10% com probabilidade de 100%;
II – Perder 30% com probabilidade de 50% e 0 com 50% de probabilidade.
Nas duas situações, qual alternativa você escolheu?
Segundo os pesquisadores, os investidores tomariam decisões distintas, dependendo se o cenário é de perda ou de ganho.
Os autores explicam que quando enfrentam um cenário de ganho, investidores tendem a ser avessos ao risco e, portanto, preferem o ganho certo. Portanto, preferem a alternativa I.
Já no cenário de perda, os investidores preferem o risco e, assim, tendem a selecionar a alternativa com pior média perdedora. Logo, selecionam a alternativa II.
Entretanto, essas escolhas não são as que tenho visto recentemente. Muitos investidores brasileiros têm buscado a alternativa II no caso da perspectiva de ganho e a alternativa I na situação de perda. Essas escolhas contrariam os resultados dos pesquisadores e apontam para um comportamento inverso ao que a teoria explica.
Com taxas de juros muito elevadas como as que temos atualmente e podendo travar por prazos tão longos quanto 10 anos, por que muitos investidores brasileiros têm preferido a alternativa de risco que se mostrou desfavorável nos últimos 20 anos?
Talvez Khaneman tenha de mudar sua teoria dependendo se o resultado da Bolsa foi uma alta muito forte no último mês. O Ibovespa se valorizou 12,5% em novembro.
Acredito que o desempenho do mercado no mês passado é a única justificativa para o comportamento fora do esperado.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
Fale direto comigo no e-mail.
Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.