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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Qual o maior risco nos investimentos para 2024

Aqueles que seguirem como os torcedores da citação de Nelson Rodrigues, podem perder as maiores oportunidades

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O processo de construção de uma carteira de investimentos envolve estimar cenários e atribuir probabilidades. Estes cenários não envolvem apenas os retornos positivos, mas também os riscos, ou seja, aqueles cenários que proporcionam retorno inferior ou negativo. Apesar de não ser possível se prevenir de todos os riscos nos investimentos, é muito importante mapear algumas probabilidades para se prevenir de "surpresas conhecidas".

Aqueles que seguirem como os torcedores da fala de Nelson Rodrigues, podem perder as maiores oportunidades. REUTERS/Brendan McDermid/File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

Retrocedendo para o final de 2022, os maiores riscos para 2023 eram de uma desaceleração econômica mais abrupta não só no Brasil, mas principalmente nos EUA. Também, imaginava-se que a inflação global seria maior e cederia muito lentamente.

Os reflexos para isso seriam, taxas de juros maiores nos EUA, preços de ações mais baixos e o câmbio Real/ Dólar mais desvalorizado.

Estes riscos não se materializaram. Entretanto, isso não quer dizer que o ano de 2023 foi tranquilo. Prova disso é que os fundos multimercados, geridos pelos mais renomados especialistas do mercado financeiro tiveram o segundo pior ano dos últimos 15 anos.

Quase 80% da valorização do Ibovespa se deu nos últimos dois meses. Ou seja, só quem suportou 10 meses de sofrimento ao longo do ano foi recompensado.

Foi um ano com bastante volatilidade, ou seja, com muitas reviravoltas nas variáveis econômicas e em suas expectativas.

No caso brasileiro, em especial, foi um ano com uma troca de governo que gerou muitas incertezas. Muitos recearam sobre os preços de mercado no novo governo.

Vários ainda mantém o medo ou apenas torcem para que tudo dê errado. Cuidado para não investir usando o "fígado" e ser apenas mais um torcedor. Como disse Nelson Rodrigues: "A maioria torce para o equilibrista cair". O novo governo se portou, neste ano, como o equilibrista de Nelson Rodrigues. É preciso olhar os fundamentos econômicos.

Embora ainda exista expectativa de desaceleração global e no Brasil, esse risco parece já estar bem ajustado nos preços de mercado. A inflação, que parecia algo fora de controle nos EUA, se mostra agora na trajetória certa. Não só lá, como aqui no Brasil. Lembro que em 2023 se chegou a cogitar a troca de meta de inflação aqui no Brasil. Mas, isso já é coisa do passado.

Os Bancos Centrais pelo mundo já apontaram os canhões de taxas de juros para baixo. Lutar contras as autoridades monetárias que têm o maior poder de fogo não costuma ser algo lucrativo.

Sim, ainda existem riscos. Entretanto, o cenário a frente parece mais benigno.

Nesse sentido, um dos maiores riscos, neste momento, é manter uma carteira de investimentos prioritariamente referenciada ao CDI.

Aqueles que acham que investir internacionalmente pode ser uma proteção, podem novamente se frustrar com o movimento do câmbio.

A balança comercial brasileira tem surpreendido positivamente e tudo indica que vai surpreender ainda mais nos próximos anos. Isso pode levar a um Real mais forte.

Esse risco é mais significativo para aqueles que investem em renda fixa internacional. Os 6% de taxa de juros ao ano nos títulos lá fora podem ser novamente perdidos com a valorização do Real, resultando em mais um ano de retorno nulo ou negativo.

Parece contraditório, mas dada as expectativas tão baixas e a alocação tão conservadora de investidores, o maior risco hoje pode ser o de nada significativo dar errado.

Se isso ocorrer, as taxas de juros no Brasil e nos EUA podem atingir 8% e 4% ao ano, respectivamente, ao fim de 2024, o câmbio pode cair para R$ 4,6/ dólar e o PIB brasileiro crescer mais de 2%. Este não é o cenário base, mas um risco que você não deveria desprezar, pois pode favorecer Bolsa e, principalmente, aplicações em taxas de juros de longo prazo no Brasil.

Portanto, cuidado ao apostar contra. Se deseja se proteger, aproveite para travar as taxas de juros mais altas em títulos referenciados ao IPCA e prefixados de títulos privados no Brasil. Este, deve ser o melhor balanço de retorno por risco para os próximos anos, pois se tudo der certo, as taxas de juros vão cair e se tudo der errado, elas vão cair ainda mais rápido.

Aproveito para desejar a todos os leitores um Feliz Natal, repleto de alegrias e gratidão.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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