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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu jornalismo

Desaparecimento dos bilionários: o segredo não contado do investimento inteligente

Pesquisadores explicam por que menos de 10% dos atuais bilionários são descendentes da lista de 1982

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Segundo pesquisa da Forbes de 2022, nenhum dos 700 bilionários americanos eram descendentes de ricos de 1900. Entretanto, segundo o livro The Missing Billionaires (Os bilionários desaparecidos, em inglês), existiam 4.000 milionários em 1900. Se, um quarto destes tivessem simplesmente aplicado no Índice americano de ações, sem movimentar, e mantido um nível de gastos controlado, haveria cerca de 16.000 bilionários hoje. Onde foram parar estes bilionários?

Pesquisadores explicam por que menos de 10% dos atuais bilionários são descendentes da lista de 1982. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK517 - REUTERS

Segundo Victor Haghani e James White, autores do livro citado acima, menos de 10% dos atuais bilionários são descendentes da lista de 1982.

Como disse Cornelius Vanderbilt, empreendedor americano que construiu fortuna na área de logística no século 19:
"Qualquer tolo pode construir uma fortuna, mas é preciso uma pessoa com cérebro para mantê-la".

Ao contrário do que você pode imaginar, uma das principais razões que Haghani e White atribuem à perda de fortuna é o foco em "o que" comprar e vender. O correto seria focar em "o quanto". Quanto você deveria comprar de um ativo? Quanto gastar ao longo do tempo? Estas seriam as perguntas que deveriam ter mais atenção.

Eles justificam que se você escolhe um mau investimento, mas o faz com um tamanho adequado, as perdas não causam ruína. Entretanto, mesmo com bons investimentos, mas que possuem volatilidade, se você aloca muito, você pode quebrar com os naturais movimentos de oscilação caso não tenha o controle emocional ou mesmo possa mantê-los.

Haghani entende bem disso. Ele foi um dos fundadores do famoso fundo LTCM que quebrou em 1998. Naquele momento, 80% da fortuna de sua família estava no fundo. Desde a criação em 1994 até logo antes da quebra, o hedge fund tinha obtido retorno médio superior a 40% ao ano. A aplicação era tentadora.

Para ilustrar como a forma e tamanho do investimento em ativos com volatilidade afetam sua fortuna, os autores propuseram uma simulação que foi publicada no Journal of Portfolio Management.

Assuma que é dado a você um montante de $25 e a possibilidade de apostar, quantas vezes quiser por 10 minutos, em uma moeda que é viesada para dar Cara com 60% de probabilidade.

Se você apostar $1 e acertar, você ganha mais $1, caso contrário, perde o mesmo valor.

Você pode escolher o tamanho e a forma de aposta. Muitos podem dizer que o jogo parece muito distante do mercado de ações. Entretanto, guarda semelhanças na forma como muitos investem no mercado acionário.

Nos últimos 20 anos, enquanto o Ibovespa subiu em 70% dos anos, ele teve valorização positiva em apenas 58% dos meses. Muitos tentam acertar qual o mês para entrar, e logo querem sair. Não preciso explicar qual a maior probabilidade se você ficar entrando e saindo mês a mês.

O cenário piora quando se encurta o tempo. No mesmo período, o Ibovespa se valorizou em apenas 55% das semanas. A probabilidade se aproxima de 50% à medida que reduzimos o prazo de análise. Ou seja, quem tenta ganhar com day trade tem probabilidade pior que o da moeda acima.

Os autores explicam que há três formas básicas de se apostar na moeda. Qual das três você escolheria?
1 – Apostar uma proporção do valor possuído;
2 – Apostar um valor fixo;
3 – Dobrar o valor da aposta à medida que o montante cai.

Muitos que investem em ativos de risco como ações adotam a terceira opção, argumentando que em algum momento há uma volta e a recuperação seria mais rápida.

Os autores realizaram mais de 10 mil simulações e encontraram como resultado que a melhor estratégia é apostar uma proporção do patrimônio. Essa foi a única estratégia a ter 0% de probabilidade de quebra e alcançar o melhor resultado.

A pior estratégia é a terceira que atingiu 40% de probabilidade de quebra e o pior resultado médio.

Você também pode participar da simulação e comparar seu resultado com a média no site: https://elmwealth.com/coin-flip/game/.

Curiosamente, mesmo sabendo que a aposta em Coroa na moeda tem 40% de probabilidade, 67% dos indivíduos que participaram da simulação apostaram nela em algum momento. Você teria feito o mesmo?

A simulação mostra como é importante a escolha adequada de forma e montante a investir em ativos de risco, mesmo que possuam probabilidade favorável de dar certo. Investidores têm grande probabilidade de perder tudo, mesmo em investimentos com probabilidade de dar certo, se selecionarem forma e montante a aplicar errados. Aproveito para indicar a leitura do livro citado.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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