De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Saiba por que você deveria se preocupar com a diferença entre retornos objetivo e esperado em investimentos

A confusão entre retorno esperado e retorno objetivo é responsável por grandes frustrações em investimentos

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Lembro-me vivamente dos meus dias de escola, quando a professora introduziu um conceito intrigante em nossas aulas de inglês: os phrasal verbs. A ideia de que a junção de palavras simples poderia criar significados complexos e únicos era fascinante. De maneira similar, no universo das finanças, uma compreensão profunda é necessária para diferenciar termos que parecem idênticos, mas na realidade, possuem significados distintos.

A confusão entre retorno esperado e retorno objetivo é responsável por grandes frustrações em investimentos. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK508 - REUTERS

Hoje, vou esclarecer dois conceitos frequentemente usados de forma indistinta no mercado financeiro, mas que são fundamentalmente diferentes: "retorno objetivo" ou "retorno alvo" e "retorno esperado".

A compreensão desses termos é crucial para qualquer investidor que deseja navegar com sucesso no mundo dos investimentos.

Vamos começar pelo "retorno esperado".

Esse termo, muitas vezes mal interpretado como uma garantia, é na verdade uma projeção baseada em cenários e probabilidades.

Por exemplo, um gestor de fundo pode estimar um retorno esperado de 15% ao ano. Esse número poderia ser derivado de um cenário com 25% de chance de alcançar 30% ao ano, 25% de chance de não obter nenhum retorno e 50% de chance de atingir 15% ao ano.

Ao multiplicarmos cada cenário pelo seu respectivo retorno e somarmos, obtemos o retorno esperado.

Mas o que acontece quando um gestor declara um "retorno objetivo" de 30% ao ano?

Esse número representa, muitas vezes, o cenário mais otimista, que, no nosso exemplo, ocorreria com apenas 20% de probabilidade.

É crucial que os investidores questionem e compreendam as probabilidades associadas a cada cenário para avaliar realisticamente as possibilidades de resultado que pode obter com a aplicação.

Por exemplo, será que você aceitaria investir em algo que o gestor diga que tem objetivo de retorno de 30% ao ano, mas que possui 20% de chance de não render nada?

A confusão se intensifica quando especialistas confundem os termos ou os usam de forma intercambiável.

Uma situação preocupante ocorre quando um especialista, ao invés de referir-se ao retorno objetivo, declara um "retorno esperado" de 30% ao ano. Isso pode levar a mal-entendidos significativos, já que o retorno esperado não deve ser confundido com o retorno desejado.

Essa problemática não se limita apenas a investimentos de renda variável.

Recordo-me de influenciadores discutindo retornos esperados de 30% ao ano em títulos públicos negociados no Tesouro Direto, que oferecem taxas de IPCA + 5,5% ao ano. Um retorno de 30% pode ser um objetivo em anos de queda acentuada dos juros, mas é essencial entender que isso representa apenas um cenário, não uma expectativa de retorno do título ao longo dos anos.

Por fim, sempre que você ouvir falar em retorno, questione os cenários possíveis e suas respectivas probabilidades. Assim, você poderá compreender e estar preparado para cenários adversos, minimizando frustrações e tomando decisões de investimento mais informadas.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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