Frederico Vasconcelos

Interesse Público

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Descrição de chapéu Folhajus

Procurador que anteviu fim da Lava Jato ataca oportunismo geral

'Hoje, a sensação oportunista é que não houve corrupção', afirma Celso Tres

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São Paulo

Sob o título "Brasil e o vício, drogadição dos extremos", o artigo a seguir é de autoria do procurador da República Celso Tres, de Novo Hamburgo (RS).

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Os ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli conversam antes de sessão no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal). Foto: Pedro Ladeira/Folhapress - Folhapress

O ministro Dias Toffoli suspendeu cobrança de colaboração premiada entre o Ministério Público Federal e a J&F (empresários Joesley e Wesley Batista), R$ 10,3 bilhões.

Em resumo, acolheu a tese do vício de consentimento, eis que a J&F teria pactuado sob constrangimento dos ilícitos da Lava Jato, revelados na Operação Sppofing (Vaza Jato).

Deveras, constrangeu-se o teatro do absurdo, delírios de imperador da antiguidade, ‘Deltan idealizou monumento à Lava Jato’ (vide Folha).

Além! Sob a interlocução da então presidente Dilma Rousseff e o hoje presidente Lula da Silva, vazada pelo juiz Sergio Moro, na Porto Alegre do Tribunal Federal da 4ª Região que julgou tudo lícito, encarcerando Lula, encenou-se inquisição, em praça pública a morte mediante fogo de ministros do Supremo Tribunal Federal (vide YouTube: ‘Ato do Vem pra Rua queima bonecos de Ministros do STF’).

Delação a estrela da investigação. Ante o delator, tem-se só duas certezas: a) criminoso, assim confesso; b) não será punido, perdoado pela autoridade.

A divulgação atropelada dos delatados, entre eles, o ministro da Justiça e agora do STF Flávio Dino, além de espezinhar a presunção de inocência, obstrui a produção de provas, fato que levou ao monumental fracasso na condenação dos apontados.

De quebra, ‘empresas envolvidas na Lava Jato dão bolsa-delação a executivos’ (vide Folha).

Corrupção no combate à corrupção? Saudoso Millôr Fernandes: ‘o delator ganha o pão com o suor do seu dedo’.

Porém, também da Lava Jato, vitimando de dissonância cognitiva os maiores ficcionistas de Hollywood, sabido que ninguém devolve mais que afanou, ‘ex-gerente ligado ao PT vai devolver R$ 252 milhões’ (vide Folha) e assim sucessiva e infinitamente.

Hoje, sensação oportunista, é de que não houve corrupção.

Em 1º de outubro de 2018, o ministro Dias Toffoli, então presidente do STF, véspera da eleição do presidente Jair Bolsonaro, Lula da Silva preso em Curitiba, celebração dos 30 anos da Constituição na Faculdade de Direito da USP, a mais prestigiada do país, nega golpe militar em 1964, dizendo-o um neutro ‘movimento’.

Em evento da Folha, desembargadora Kenarik Boujikian critica a fala, sendo alvo de correição do Conselho Nacional de Justiça.

Hoje, cristãos e hereges da República quem vistam verde-amarelo correm risco de padecer por ato antidemocrático, golpismo.

De novo, oportunismo.

Aristóteles legou moderação à civilização ocidental: ‘toda virtude tem dois vícios, seus extremos’. Montesquieu, tripartição dos poderes, pesos e contrapesos, sempre atual no Brasil, respondendo à objeção da autoridade reinante ser repositório de beatitudes, sendo inconveniente limitá-la: ‘até a virtude precisa de limites’.

Brasil é viciado, refém da drogadição dos extremos. Ou seja, autoridades atuam sob o oportunismo do momento.

(*) Em março de 2017, Celso Tres questionou o acordo de colaboração do MPF com a Odebrecht. Afirmou que era "demagogia" invocar o interesse público para divulgar as delações da Lava Jato. "A divulgação derrete o mundo político, o Estado, dilapida a economia, os investimentos e os empregos", disse.

"Fui critico da Lava Jato quando ela era unânime - unanimidade burra", cita Nélson Rodrigues. "Minha pretensão é a visão de Raymundo Faoro ("Os Donos do Poder"). Ou seja, o Brasil tem burocracia que se adona do Estado, usurpando a democracia liberal, o poder do povo, decidindo segundo seus desígnios; isto fez a Lava Jato; passou a ditar a politica do pais; isto hoje faz o ministro do STF Alexandre de Moraes".

Aliado de Augusto Aras, foi o único voluntário para substituir o titular da Operação Greenfield. Teve seu nome impugnado no MPF. Criticou a omissão de Aras quando a PRF impediu os votos Lula no Nordeste.

Atacavam Aras por não imputar Bolsonaro, mas a eleição dele "deveu-se em grande parte à Lava Jato", diz.

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