#Hashtag

Mídias sociais e a vida em rede

#Hashtag - Interação
Interação
Descrição de chapéu tiktok Twitter instagram

Jogávamos truco na frente deles, diz ex-recruta sobre acampamentos bolsonaristas

Tiktoker viralizou contando como golpistas cantavam hinos e trocavam comida por 'informações' sobre golpe

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo (SP)

Luís Felipe Rissati, 20, ficou surpreso quando bolsonaristas decidiram acampar em frente ao local onde ele e cerca de outros 200 jovens cumpriam serviço militar em Maringá, no Paraná, em novembro de 2022.

Inconformados com o resultado do pleito presidencial de 2022, que derrotou Jair Bolsonaro (PL), os manifestantes cobravam o apoio do Exército para realizar um golpe de estado que revertesse a decisão das urnas.

Ficaram cerca de um mês apelando para um TG (Tiro de Guerra), uma pequena unidade das Forças que possibilita o serviço militar obrigatório a garotos com 18 anos recém-completos e originários de cidades em que não há quarteis. Eles não recebem remuneração, nem são considerados propriamente militares. Durante o serviço, conciliam estudo e trabalho em áreas civis enquanto cumprem atividades nos locais do Exército.

Tiktoker Luís Felipe Rissati durante serviço militar
O jovem Luís Felipe Rissati durante serviço militar - Arquivo pessoal

Além de passarem os dias cantando hinos e batendo continência para os rapazes, o dia a dia dos bolsonaristas ainda incluía a tentativa de trocar comida por supostas informações sobre um golpe.

As cenas foram descritas por Rissati em um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana, quando se completa um ano dos ataques de 8 de Janeiro. O rapaz encerrou o seu tempo de serviço no fim de 2022.

"A gente chegava e, todo santo dia, eles ficavam cantando para gente cantos do Exército. Nem quem era bolsonarista gostava", diz o tiktoker. "Ficava todo mundo incrédulo. Era um TG, a gente não ia fazer nada. Eram uns 200 moleques de 18 anos."

O vídeo tem cerca de 1,3 milhão de visualizações no TikTok e foi amplamente compartilhado em outras plataformas, como Twitter e Instagram.

"Teve uma vez que estavam todos lá na frente cantando e chegou uns amigos meus adiantados", conta o jovem em outro trecho do vídeo. "A gente ficou literalmente jogando truco na frente deles e eles lá: ‘meu deus, é o Exército, vai salvar o Brasil!’

"Se nem o general de vocês [em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro] conseguiu fazer alguma coisa, o que vocês achavam que nós iríamos fazer? Não faz sentido."

Em outro vídeo sobre o tema, ele conta como os acampados ofereciam comida para os militares e tentavam, em alguns momentos, conseguir informações por isso.

"Enquanto ofereciam, eles perguntavam 'você tem alguma informação?' Irmão, você acha que eu vou ter alguma informação lá de Brasília? É a mesma coisa de levar uma facada e em vez de ir para um hospital, ir para uma sala de primeiro ano de Medicina."

Rissati, que já costumava fazer vídeos de humor na internet, inclusive sobre seu tempo no Exército, diz que passou a ser alvo de ameaças e xingamentos na internet e que está assustado com a repercussão das postagens.

Apesar disso, ele afirma que não se arrepende da publicação e que entende os acampamentos como movimentos antidemocráticos.

"Achava uma loucura aquilo, eles não aceitarem uma eleição e tentarem tomar o poder daquela forma", diz em entrevista ao #Hashtag.

Antes de viralizar, ele já reunia milhares de seguidores em um perfil no Instagram onde publicava selfies diárias na mesma posição para registrar sua "evolução pessoal", segundo ele. Por isso a sua alcunha nas redes: "Luisinho fotocópia"

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.