Maternar

No blog, as mães Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti abordam as descobertas do início da maternidade

Maternar - Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti
Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti
Descrição de chapéu Silvio Santos SBT

Silvio Santos desempenhou, indiretamente, papel de babá para várias gerações

Programas infantojuvenis e novelas fizeram parte da programação do SBT, que hipnotizava crianças e adolescentes numa era sem streaming

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São Paulo

Desde que Silvio Santos morreu, no sábado (17), parece que estamos nos anos 1990, já que tudo que passa na televisão, desde então, são retrospectivas dos programas de auditório do Patrão. Nessa época, eu mesma cheguei a me sentir uma "colega de trabalho".

Esse período remete a uma época em que a maternidade era compartilhada com a televisão, que hipnotizava as crianças e os adolescentes com sua programação infantojuvenil, que ia de desenhos clássicos a novelas mexicanas.

Mas o que mais me marcou na infância e adolescência, além do famoso "má ôeeee" dominical, eram os programas ao longo da semana. Como minha mãe trabalhava muito, inclusive aos fins de semana, a TV era uma companheira.

A imagem mostra o apresentador Silvio Santos em um estúdio de televisão, cercado por uma plateia animada. Ele está de pé no centro, com os braços abertos, enquanto a plateia, composta principalmente por mulheres, segura pompons coloridos em tons de amarelo, rosa e azul. O fundo exibe o nome do programa 'PROGRAMA SILVIO SANTOS' em letras grandes e iluminadas.
Apresentador Silvio Santos morreu no sábado (17), aos 93 anos - Lorival Ribeiro /Divulgaçao SBT

O dono do SBT, indiretamente, era como se fosse uma babá de várias gerações ao entreter um público juvenil com a programação que ele escolhia a dedo, numa era distante, em que não havia streaming.

O que tinha para assistir era o que passava naquele horário e ponto. De manhã, eu via a desenhos. Na hora do almoço, esperava ansiosa pelo "Chapolin", seguido da turma do "Chaves".

Outra paixão (obsessiva) que o Homem do Baú me proporcionou foi a novela mexicana "Carrossel" (1991-92), mais pro fim da tarde. Lembro-me de a professora Helena (Gabriela Rivero) chegar ao Brasil e ser recebida pelo então presidente, Fernando Collor de Mello, em 1991, tamanho o sucesso da trama mexicana.

A imagem mostra duas mulheres em um ambiente de escritório. À esquerda, uma mulher com cabelo longo e solto, usando um vestido claro com detalhes, sorri enquanto observa a outra mulher. À direita, uma mulher com cabelo preso, vestindo um terno escuro, está gesticulando em direção a um quadro branco vazio. O ambiente parece ser uma sala de reuniões, com uma porta verde ao fundo.
A atriz Gabriela Rivero (à esq.) como Helena, na primeira versão de 'Carrossel', no SBT - Divulgação

Eu me divertia muito, também, com o quadro Prova do Foguetinho, quando um jovem sentava numa cabine com um fone que abafava o som externo e ele tinha que dizer "sim" ou não" para alguma proposta apresentada por Silvio quando a luz vermelha acendesse.

Era hilário quando o convidado trocava um prêmio bacana, como uma bicicleta turbinada, por um cacareco qualquer, como uma caixinha de fósforo. Aí torcíamos para o participante recuperar a prenda.

Porta da Esperança também me marcou muito, pois sempre ficava aguardando aquela porta abrir para realizar o sonho de alguém. Às vezes, ela abria e não tinha nada do outro lado, bem frustrante. Programas de namoro também eram hipnotizantes.

E o Bozo! Era uma paixão arrebatadora. Uma vez eu estava na plateia do programa do palhaço, bem criança ainda, e dei uma bitoca no nariz do Luís Ricardo caracterizado. E quem lembra do telefone para participar dos quadros? 236-0873.

Já mais velha, cheguei a espiar alguns barracos do Casos de Família, que passava no fim da tarde, e o Programa do Ratinho, à noite, para descobrir se o convidado da vez era pai biológico ou não após o temido teste de DNA.

Ah, e teve a primeira temporada de Casa dos Artistas, que chegou pouco antes de Big Brother Brasil. Um clássico.

Sem dúvidas, uma infância bem diferente de hoje, quando os tablets e celulares fazem esse papel de hipnotizar crianças e adolescentes.

Por tudo isso que ele fez para a TV brasileira, por me remeter a uma infância divertida e bizarra, eu sempre quis conhecer o Silvio pessoalmente, mas nunca tive oportunidade. Infelizmente nunca ouvi aquela voz de perto ou toquei aquela lenda. Só o conheci pela TV mesmo. E me sentia íntima, como puderam notar.

Sabendo da minha admiração pelo Patrão, uma grande amiga que trabalhava com entretenimento prometeu me apresentá-lo no Troféu Imprensa. Estava tudo certo para esse aguardado encontro, quando a pandemia atropelou esse sonho.

Polêmicas à parte (Silvio Santos teve várias), sua simpatia única —goste-se ou não— fizeram parte da vida de todos os brasileiros, alcançando várias gerações em mais de 60 anos na televisão no comando de atrações variadas.

Ele reinventou os domingos da família brasileira por décadas numa época em que as opções eram escassas. Domingo sem a voz e o sorriso largo dele não era um domingo brasileiro.

Sábado, 17 de agosto de 2024, foi o fim de uma era.

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