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Salvador Nogueira

Grupo propõe caminho para achar vida em exoplanetas com o Webb

Para pesquisadores, busca por metano na atmosfera desses mundos deve ser a chave

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Alguns dos resultados mais esperados do Telescópio Espacial James Webb são os que envolvem a busca por sinais de vida em planetas fora do Sistema Solar. Não será fácil detectá-la, mas um grupo de pesquisadores sugere ao menos o melhor caminho para a tentativa: medir a quantidade de metano na atmosfera desses mundos distantes.

O novo trabalho, liderado por Maggie Thompson, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, saiu na última edição da revista PNAS, periódico da Academia Nacional de Ciências dos EUA, e se concentra no perfil de concentração de metano que se encaixaria melhor em um planeta vivo.

Olhando para a Terra moderna, o gás que, disparado, "grita" mais a presença de vida no planeta é o oxigênio. Ele compõe 21% da atmosfera terrestre e sua produção é fruto praticamente exclusivo da fotossíntese, um processo biológico. Mas não se deve desprezar o papel do metano, que também tem presença significativa por aqui e é produzido, em sua maior parte, por vida. Por sinal, no passado terrestre remoto, antes do advento da fotossíntese, o metano era possivelmente o principal sinal atmosférico de que nosso planeta continha vida.

Concepção artística de três dos sete planetas do sistema Trappist-1
Concepção artística de três dos sete planetas do sistema Trappist-1, principal candidato a sondagem pelo Telescópio Espacial James Webb - ESO/Reuters

O Webb poderá analisar a composição atmosférica de outros mundos conforme eles transitem à frente de sua estrela e parte da luz dela passe "de raspão" por eles, através de seu invólucro gasoso, chegando até o telescópio com uma "assinatura" das substâncias que encontrou pelo caminho (medição que, em cientifiquês, é chamada de espectroscopia de transmissão).

Há especial atenção com o sistema Trappist-1, a 40 anos-luz daqui. Ele tem sete planetas potencialmente rochosos, alguns deles na zona habitável (na região nem muito quente, nem muito fria). Infelizmente, a busca por oxigênio será bastante dificultada com o Webb, mesmo em um sistema quase ideal como esse. Mas metano é outra história. "Por exemplo, metano biológico em Trappist-1e poderia ser detectável com 5 a 10 trânsitos (observados)", escrevem os pesquisadores. A conferir.

E atenção: mesmo que a detecção seja positiva, ainda assim será preciso cautela. Porque, embora a vida seja uma grande responsável pela produção de metano, há muitos outros modos, não biológicos, pelos quais o gás é gerado, desde a interação de minerais com água até impactos de asteroides.

Segundo Thompson e colegas, o melhor caminho para determinar que o metano em um exoplaneta é produzido por vida é, além de medir a quantidade, ficar de olho nas presenças de dióxido e monóxido de carbono. Caso seja uma atmosfera rica em metano e dióxido de carbono, mas pobre no monóxido, a chance de termos encontrado vida aumenta bastante.

Ao adentrarmos essa nova era de estudo dos exoplanetas, o mais esperado, contudo, ainda é o inesperado. Os astrônomos tentam prever o que vem por aí, mas quase certamente encontrarão muitas surpresas pela frente.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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