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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu Rússia

Em meio à guerra, Rússia lança 1ª missão lunar desde 1976

Decolagem do módulo de pouso Luna-25 é esperada para esta quinta-feira (10)

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Em meio à guerra com a Ucrânia, a Rússia tentará recuperar seu status de potência interplanetária com o lançamento da primeira missão lunar não tripulada daquele país em quase cinco décadas. O veículo já foi alojado na coifa do foguete Soyuz-2.1b, e o lançamento é esperado para a noite da próxima quinta-feira (10), madrugada de sexta em Moscou.

Pensada desde o fim dos anos 1990, a missão se chamava Luna-Glob, mas foi rebatizada Luna-25 para evocar uma continuação do programa lunar soviético, que teve na Luna-24, de 1976, sua última representante. Trata-se de um pequeno módulo de pouso desenvolvido pelo IKI (Instituto de Pesquisa Espacial) e construído pela empresa NPO Lavochkin.

O programa espacial russo vem em uma lenta erosão desde o colapso da União Soviética, em 1991. Suas principais atividades atualmente são a participação na Estação Espacial Internacional, que segue inabalada mesmo com a guerra, e o lançamento de satélites.

Módulo de pouso da missão Luna-25 sendo acoplado ao estágio superior do foguete Soyuz para lançamento
Módulo de pouso da missão Luna-25 sendo acoplado ao estágio superior do foguete Soyuz para lançamento - Roscosmos

Todas as tentativas pós-soviéticas de dar um salto para além da órbita terrestre, contudo, fracassaram, começando com a missão Mars 96, que envolveria orbitador e pousador marcianos, mas falhou ainda durante o lançamento, em 1996.

A missão Fobos-Grunt, que deveria colher amostras de uma das luas marcianas, teve o mesmo fim melancólico, em 2011. Mais recentemente, os russos colaboraram em um módulo de pouso para a missão europeia Schiaparelli, que realizou a jornada interplanetária, mas acabou se espatifando na superfície de Marte em 2016.

Os russos estavam prestes a tentar novamente uma missão de pouso marciano em 2022, mas a invasão da Ucrânia levou a ESA (Agência Espacial Europeia) a interromper a colaboração no lançamento do rover Rosalind Franklin, que lançaria mão de tecnologia de pouso russa. Agora, com a Luna-25, os russos têm nova chance de restaurar seu prestígio em missões interplanetárias.

O módulo de 1.750 kg deve descer na cratera Boguslavsky, próxima ao cobiçado polo sul lunar, no que promete ser a primeira missão de uma estação internacional de pesquisa planejada entre China e Rússia. Modesto, seu principal objetivo é tecnológico: demonstrar a capacidade de pouso. Apesar disso, ele contém cerca de 30 kg de carga útil distribuída em nove instrumentos, capazes de analisar a composição da superfície e fazer medições de poeira e micrometeoritos.

A decolagem, a partir do Cosmódromo Vostochny, no extremo leste russo, é esperada para as 20h10 de quinta (pelo horário de Brasília), e coloca a Rússia em uma corrida particular com a Índia. Os indianos lançaram sua missão lunar Chandrayaan-3 em julho, e ela já está em órbita lunar, mas só deve realizar uma tentativa de pouso no fim de agosto. Voando por uma trajetória mais rápida, a russa Luna-25 deve chegar lá antes. Resta saber se vai funcionar.

A Roscosmos, agência espacial russa, espera que essa seja apenas a primeira de várias missões à Lua e já tem engatilhadas as duas próximas, Luna-26 e 27, respectivamente um orbitador e um módulo de pouso mais robusto.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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