Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu atletismo Argentina

Quatro bons exemplos que as corridas brasileiras deveriam copiar de Buenos Aires

Medidas simples aumentam o cuidado e a segurança com a saúde dos atletas

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Rodrigo Flores
Buenos Aires

Pouco antes da placa de quatro quilômetros, ainda no primeiro quarto da prova, um homem de meia idade, aparentemente desacordado, é atendido por socorristas durante a meia maratona de Buenos Aires. Sirenes de ambulância quebram a magia de um dos mais belos circuitos de rua da América do Sul. Infelizmente, essa não é uma cena rara.

Esporte é saúde? Sim, mas com asterisco.

O esporte é saudável quando é compatível e proporcional com as condições físicas de quem o pratica. Atividades que levam à exaustão podem agravar quadros de saúde pré-existentes. O caso do atleta em Buenos Aires é um lembrete de que, em uma corrida, estamos levando nosso corpo ao limite, e isso requer atenção.

Por isso, trago quatro bons exemplos que observei na Meia Maratona de Buenos Aires que poderiam ser implementos nas corridas no Brasil.

Médico de braços cruzados com estetoscópio
Necessidade de atestado médico é um dos pontos positivos da Meia Maratona de Buenos Aires - Unsplash

Necessidade de atestado médico

Todo atleta, no momento de sua inscrição para a Meia Maratona de Buenos Aires, precisa preencher o seu cadastro e anexar um atestado médico, declarando que está apto para participar daquela prova. Básico, né? Esta é a solução mais simples, e provavelmente a mais difícil de ser adotada por aqui.

Os organizadores estão preocupados em vender inscrições, e a melhor maneira de conseguir isso é reduzir os pontos de fricção no processo. Exigir um atestado faria com que muitas pessoas desistissem da corrida ou tentassem burlar o sistema com um laudo falsificado.

E existe a resistência do próprio atleta.

"Ahhh, mas ir no médico só para isso é muito caro", diria o corredor com um tênis de R$ 2 mil nos pés.

"Ahhh, vou ali no Largo da Batata e consigo um atestado em cinco minutos, não preciso nem ser examinado", diria o corredor que protesta contra a corrupção e não deve ter espelho em casa.

É chato, mas me parece necessário. E a verdade é que, uma vez apresentado, o atestado pode seguir válido para provas futuras. Aqui na Argentina funciona assim. Ou seja, é um custo que se dilui com o tempo.

Um caminho seria começar pelas provas com alta procura. A Maratona do Rio, por exemplo, esgota suas inscrições com meses de antecedência. Introduzir essa novidade fará alguns atletas desistirem, mas rapidamente surgirão outros dispostos a apresentar o atestado para garantir a vaga.

Informações de emergência no corpo do corredor

A Meia Maratona de Buenos Aires utiliza o verso do número de prova como um formulário a ser preenchido pelo atleta com informações básicas para casos de emergência. Ali constam nome completo, telefone de contato e dados do serviço de saúde local. Se o corredor perde a consciência, por exemplo, qualquer pessoa pode encontrar ali um número de telefone e informar parentes ou amigos designados pelo atleta como contato de emergência.

QR Code para pedir ajuda

Também no número de peito há um QR Code impresso que pode ser escaneado caso o atleta se sinta mal e queira pedir ajuda. Ao apontar o celular para o QR Code, é exibido na tela o número telefônico de emergência, e rapidamente é possível acionar a equipe médica para auxiliar o corredor. Simples e eficiente.

Socorristas de patins

Durante todo o percurso era possível ver socorristas usando patins e se comunicando por rádio. A idéia é permitir que eles se desloquem com rapidez para prestar o primeiro atendimento caso haja alguma ocorrência.

E você? Tem alguma sugestão para melhorar o cuidado com a saúde dos nossos atletas? Deixe nos comentários abaixo ou escreva para blowgnacorrida@gmail.com. Se preferir, pode me mandar uma mensagem no Instagram @rodrigofloresnacorrida.

* O jornalista viajou a convite da SLS Puerto Madero, Flybondi e da Visit Buenos Aires.

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