Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu atletismo

Asics reformula Kayano e busca popularizar tênis de estabilidade no Brasil

Trigésima edição do modelo icônico da marca japonesa chega às lojas por R$ 1300.

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Rodrigo Flores
São Paulo (SP)

Gosto não se discute.

Tomemos o caso dos corredores brasileiros. O atleta amador médio gosta de tênis com amortecimento. Aprecia calçados leves e valoriza o retorno de energia. E, por restrições orçamentárias, tende a preferir tênis versáteis permitam múltiplos usos a um preço mais camarada. Até aqui, nada de novo.

Há uma infinidade de modelos e marcas para atender os desejos listados acima. Você certamente pensou em alguns que se encaixavam na descrição.

Mas há um tipo específico de tênis que certamente você não pensou. Isso porque a categoria trafega fora do radar da maioria dos corredores. Estou falando dos tênis de estabilidade.

Se você não conhece essa categoria, abro um breve parêntesis para explicar o que são tênis de estabilidade.

Tênis sobre uma plataforma iluminada
Asics lança a 30ª versão do Kayano - Divulgação

De forma grosseira e bem resumida, são calçados com reforço no arco do pé, que ajudam a neutralizar a pisada pronada (aquela cujos pés inclinam para dentro quando tocam o chão) e dão mais sustentação para os corredores.

Lá fora, os tênis de estabilidade representam um mercado gigantesco. Segundo relatório da Grand View Research, o mercado global de tênis de corrida de estabilidade deve atingir um valor de US$ 2,3 bilhões até 2028. Já no Brasil, as vendas são modestas, e raramente eles figuram na lista dos mais vendidos.

Mais uma vez, gosto não se discute. E aqui cabe falar em gosto. Com exceção de casos muito extremos, a pisada pronada não é defeito, e sim uma característica do corredor. Portanto, não exige "correção".

A Asics espera virar esse jogo com o lançamento da 30ª edição do Gel Kayano, um dos principais representantes dessa categoria. O tênis foi completamente remodelado, e segue os passos do Nimbus 25, que chegou às lojas no início do ano e representou um movimento de modernização da linha de running do fabricante japonês.

No Kayano, a estabilidade — ou suporte, como preferir — acontece graças a um componente chamado 4D Guidance System. Trata-se de uma cápsula de espuma mais densa que o resto do tênis. Assim, ela apresenta mais resistência ao pé no momento da pisada. Assim, deforma apenas de acordo com o peso colocado nela, e então retorna à sua posição original de forma mais acelerada que o resto da entressola.

O Kayano foi pensado para ser usado por qualquer corredor — mesmo aquele que tem pisada neutra. "O mecanismo que garante a estabilidade e o suporte só são acionados caso você realmente precise deles", explica Daniel Costa, diretor de produtos e inovação da Asics para a América Latina. Isso pode acontecer em corredores com pisada neutra após longas distâncias, quando o cansaço começa a prejudicar a mecânica da passada.

"É o tênis para quem busca um novo desafio. Quem corre 5 km e quer tentar os 10k. Ou quem vai para a sua primeira meia maratona. O tênis pode ajudar o corredor no final do desafio, dando o suporte quando o corpo estiver cansado".

O Kayano também ficou mais alto, com uma camada extra de espuma. Daí a sensação de que o tênis está mais fofinho do que as edições anteriores — um movimento sob medida para agradar os brasileiros. "Queríamos acabar com a mística de que calçados de estabilidade são inimigos do conforto", afirma Costa.

Voltando ao que o corredor brasileiro mais gosta, o Kayano fica devendo no quesito peso. Ele passa dos 300g, o que deixa o modelo na categoria "tênis de rodagem", e não entre os modelos de performance.

O Kayano não é para todo mundo. Tênis de estabilidade desperta amor e ódio entre corredores. E o que todos amam odiar é o preço: o modelo chega às lojas por R$ 1300. De fato, não é para qualquer um.

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