Em junho desse ano o surfista Gabriel Medina lesionou o joelho na etapa válida pelo mundial de surfe, na praia de Saquarema - RJ, e teve que dar adeus à disputa do título em 2022. Porém, quis o destino que a sua volta às competições após a recuperação fosse exatamente nessa mesma praia em um evento Challenger Series da World Surfing League - WSL.

Eu acompanhei o evento e pude ver Gabriel concentrado como sempre, mas havia algo de diferente no ar. A sua irmã Sophia Medina também estava em Saquarema disputando a etapa feminina e foi bacana ver o carinho do irmão que foi cumprimentá-la logo que ela passou uma bateria. A família passou por momentos difíceis recentemente e parece que aos poucos as coisas estão se ajeitando entre eles.

Depois foi a vez de Gabriel se surpreender ao receber um abraço após ganhar uma bateria. Ao sair da água ele caminhava cercado pelos seguranças e uma mulher ultrapassou o isolamento e o abraçou, era sua mãe Simone Medina. Ficaram abraçados por um tempo e foi apaziguador ver a cena.

Gabriel sempre competiu acompanhado da família, mas há aproximadamente dois anos a relação entre eles estremeceu com o casamento do surfista com a modelo Yasmin Brunet e algumas desavenças com os negócios que envolviam seu nome. Fico torcendo para a que a família possa se reunir novamente, pois além da caçula Sophia estar disputando as etapas que podem classificá-la para a elite do surfe mundial em breve, o tricampeão mundial está de volta e com a faca nos dentes.

Com um surf afiado, com manobras potentes, repertório de aéreos e visivelmente recuperado da lesão, Gabriel foi passando bateria por bateira e conquistou o título em Saquarema. Ele vibrou muito com a vitória e mostrou que está preparado para a próxima temporada que inicia em janeiro no Havaí.

O próximo ano promete ser um ano muito competitivo. O nível do surfe está muito alto, os competidores são experientes e mesmo a nova geração que vem chegando está com sede de vitórias. Teremos os brasileiros Filipe Toledo e Ítalo Ferreira tentando um bicampeonato, enquanto Medina tentará ganhar seu quarto título. Para ter ideia da dimensão do feito, caso isso aconteça, o maior campeão da história é Kelly Slater com 11 títulos, que continua competindo aos 50 anos, mas é pouco provável que ele conquiste mais um título. O australiano Mark Richards tem 4 títulos. Tom Curren, Andy Irons, Mick Fanning e Gabriel Medina são atletas com três conquistas cada um, mas dessa lista só o brasileiro está competindo.

Caso consiga ser mais uma vez campeão mundial Medina se juntará a Mark Richards com 4 títulos e isso seria algo gigantesco.

O inverno havaiano abre as portas para a última etapa classificatória para a elite do surfe mundial em Haleiwa – 26 de novembro ao dia 7 de dezembro. Em janeiro começa o Mundial de surfe em Pipeline - do dia 29 ao dia 10 de fevereiro e, na sequência, temos a etapa de Sunset de 12 a 23 de fevereiro.

Será um início de campeonato eletrizante com as duas primeiras etapas sendo disputadas no Havaí! Vamos aguardar e ver como será escrita mais uma página da história do surfe competição.

Aloha