No dia 24 de julho de 1993, um sábado, a banda Planet Hemp subia ao palco do Garage, no Rio de Janeiro, para o seu primeiro show. Na época, ainda com Luiz "Skunk", o mentor de tudo, ao lado de um jovem Marcelo D2.
Trinta anos se passaram e o principal tema das letras do grupo continua rendendo polêmica, apesar de pequenos avanços em relação à política de drogas, liberdade de expressão (existe até uma marcha anual), mídia especializada e a legislação sobre o uso de cannabis para fins medicinais.
Apesar da lenta evolução no debate nacional, músicas e videoclipes que versam sobre a erva não são mais (explicitamente) censurados. Também não se prendem mais os músicos e os seus fãs por usarem camisetas com alusão à planta ou por cantarem sobre ela. Sim, tudo isso realmente aconteceu durante a década de 1990, quando o Planet Hemp amargou vários dias numa cela em Brasília.
Em 2022, o grupo carioca lançou um disco de inéditas – o primeiro desde o ano 2000 - provocativamente intitulado "Jardineiros". Desde então, D2, Formigão, BNegão, Pedrinho, Nobru e companhia vêm lotando shows, ganhando prêmios e provando que ainda há muita lenha pra queimar.
Fazendo a cabeça há três décadas, o legado da banda se faz presente no livro "Planet Hemp mantenha o respeito" e no filme "Legalize Já", sobre o inusitado encontro entre Skunk e D2, que levaria o (então) camelô Marcelo ao mundo da música. No entanto, desde 2015 se arrasta no STF a votação para a descriminalização do porte de drogas (como a maconha) para consumo pessoal.
Que venham mais 30 anos de Planet e, como diz uma de suas letras, que as autoridades ponham as cartas na mesa e discutam essas leis.
Pedro de Luna, 48, é jornalista, escritor e quadrinista. Escreveu e publicou 18 livros, entre eles as biografias do Planet Hemp, de Speedfreaks, de Champignon (CBJr) e do professor e deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ).
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