Preta, preto, pretinhos

Novidades da comunidade negra no Brasil e no mundo

Preta, preto, pretinhos - Denise Mota
Denise Mota
Descrição de chapéu

Animação em aquarela reproduz danças das iabás

Trabalho sobre divindades de matriz africana pode ser visto online

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O vídeo artístico-documental "Água de cor: as danças das mulheres da Nação Ijexá", que pode ser visto online, reproduz em aquarela a representação corpórea de saberes, mitos e arquétipos vinculados a seis iabás (as orixás Oxum, Obá, Euá, Nanã, Iemanjá e Iansã) e à pomba-gira Colondina.

A partir de diferentes sonoridades, movimentos e cores com que estão identificadas, cada entidade se mostra com suas características em uma animação que buscou uma volta "ao fazer artesanal" na criação artística, explica ao blog Ilana Paterman Brasil, autora do trabalho: "Após ingressar em uma casa de candomblé e vivenciar os preceitos tão intimamente ligados à natureza e ao fazer corporal, tive a ideia de recuperar a aquarela de antigamente e criar danças animadas a partir do contato com esse material".

Representação em aquarela, em tons de rosa, branco e cinza claro, da divindade Colondina, parte do projeto de animação "Água de cor"
Representação da Colondina, na animação "Água de cor" - Reprodução/Ilana Paterman Brasil

O terreiro foi inspiração e base do projeto. Filmagens e gravações de toques de sessões na Corte Real da Nação Ijexá, na Baixada Fluminense, se transformaram depois em "milhares de desenhos de aquarelas", diz a artista.

A escolha dessa técnica atendeu também, afirma Paterman, ao desejo de estabelecer uma forte sintonia simbólica com seu foco de observação. "As iabás têm ressonância com as águas, em sua variedade (mares, rios, pântanos, tempestades...). Por isso, o uso da aquarela como ferramenta criativa foi fundamental e representa em sua materialidade um aspecto intrinsecamente feminino, de acordo com essas cosmologias."

O projeto, de rotoscopia artesanal a partir de registros videográficos, teve início em julho de 2021 através do programa de fomento Rumos Itaú Cultural. A artista contou com a assessoria do líder da Corte Real, Pai Zezito de Oxum, e de integrantes do terreiro na definição de todos os aspectos da produção na casa: "As participantes, os ogãs que tocariam os instrumentos, as cores das roupas de cada orixá", detalha.

Os mitos iorubás, "atualizando-se nos corpos", pondera a artista, "trazem nos gestos inúmeras possibilidades de manifestação do feminino – referências essenciais em um momento de transformação para as mulheres, que buscam saídas para desenvolver potências e desejos".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.