Quadro-negro

Uma lousa para se conhecer e discutir o que pensa e faz a gente preta brasileira

Quadro-negro - Dodô Azevedo
Dodô Azevedo

No último debate, o tema 'racismo' foi mais uma vez preterido

Em um país de maioria negra, candidatos não priorizaram o assunto

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Palco com os dois candidatos
Os candidatos Lula e Bolsonaro escolhem entre temas sugeridos durante o debate final da Rede Globo - Reprodução

Em certo momento do último debate entre os candidatos à presidência do Brasil, o apresentador William Bonner disponibilizou seis assuntos para serem escolhidos e, a partir deles, debatidos. Foram eles:

Respeito à constituição

Equilíbrio das contas públicas

Meio Ambiente

Combate à pobreza

Racismo

Criação de empregos.

O eleitor negro colocou Jair Bolsonaro e (em sua maioria) Lula no segundo turno.

Porque são negros a maioria do eleitorado brasileiro.

Negros possuem pautas negras. Infindáveis. E, ironicamente, é por elas que passam o princípio de tudo.

É a questão do racismo, inclusive a mãe das questões que os candidatos escolheram.

Sim, até meio ambiente é assunto filho do racismo. Meio ambiente não é só planta. É tudo o que é natureza. E embora o cotidiano brasileiro tente nos convencer, nós, pessoas negras, somos parte da natureza.

Embora Lula, com razão tenha reclamado, ao final do debate, a impossibilidade de tratar de temas com maior profundidade, era claro, ali, que racismo não seria tratado. Nem se o debate durasse dias.

Entre os eleitores indecisos, a maioria é de negros.

E, principalmente, entre as abstenções, a maioria é de negros.

O que pode fazer a eleição virar. Apontar para o lado oposto do que as pesquisas estão apontando.

São negros que não vão votar por não se verem dentro do processo político brasileiro. Qualquer um que houvesse tocado no assunto, teria levado ao menos meio ponto percentual.

Mas não é assim. Talvez tenhamos que comemorar o mínimo: o fato do jornalismo da Globo ter julgado que o racismo é um dos seis assuntos mais importantes do Brasil. É pouco. Mas em seguida a emissora anunciou, em seu comercial, uma série de filmes para comemorar o mês da cultura negra.

Para os que não se sentem representados nesta reta final (já as candidatas e candidatos negros no primeiro turno foram recorde), só resta fazer o óbvio. Votar no candidato que representa o espectro politico que mais elegeu negros.

Embora exista, no Brasil, um terceiro espectro político, que na verdade, repetindo aqui, deveria ser o mais importante, porque o mais revolunionário.

O espectro negro.

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