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Quadro-negro - Dodô Azevedo
Dodô Azevedo

Creators Economy

Chefe de plataforma digital escreve sobre o mercado onde paixões podem ser rentabilizadas de forma democrática

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Mulher negra sorrindo
Nohoa Arcanjo é Co-founder & Chief Growth Officer da Creators.LLC, plataforma que, por meio de tecnologia e curadoria especializada, realiza o match perfeito entre creators e marcas. - Divulgação

Por Nohoa Arcanjo

Ainda não muitas as incertezas que marcam o atual cenário. A principal mudança que temos visto é a verba de mídia migrando para conteúdo de forma acelerada, colocando os creators no centro, pois isso representa a comunicação para públicos nichados de forma mais assertiva, e feito por meio de entretenimento e não por interrupções – porém, as marcas têm dificuldades em encontrar os criadores certos para cada um de seus projetos. Por outro lado, os criadores querem viver do compartilhamento de suas paixões, mas ainda sentem dificuldades no que diz respeito à monetização.

Com a mudança do segmento, uma alternativa que pode ser encontrada é a criação de um ecossistema de negócios movidos pela criatividade, uma vez que, por meio de empresas que oferecem soluções para esse nicho, é possível conectar pessoas e marcas de maneira genuína e autêntica – criando, assim, verdadeiras comunidades a partir de conteúdos e produtos relevantes, como a Creators Economy (em português, economia do criador), por exemplo.

Além disso, um outro estudo realizado pela Technavio, apontou que o mercado de conteúdo deve crescer cerca de U$ 269 bilhões, até 2024. Por isso, no caso das marcas, é preciso pensar em estratégias relevantes que impactam seus consumidores, além de refletir sobre as metodologias de marketing de influência, uma vez que grande parte da população está inserida nas redes sociais – isso porque, dados do Data Reportal 2021 apontaram que, no Brasil, 150 milhões de pessoas estão inseridas nessas plataformas.

Agora, quando o assunto é voltado ao Creators Economy, o relatório "Instagram Engagement Report 2022", produzido pela plataforma Mention, em parceria com o Hubspot, apontou que o segmento conta, atualmente, com cerca de 157 milhões de microinfluenciadores no mundo. Diante disso, o que mais me encanta, além de seu crescimento exponencial, são os valores pelos quais ela cresce e que servem de exemplo para qualquer negócio.

Enxergamos que os criadores já encontraram diversas maneiras de monetizar com suas paixões, impactando comunidades que desconhecem barreiras geográficas. Em paralelo a isso, as marcas aproveitam esse movimento por meio do patrocínio de conteúdos – o que auxilia no crescimento do mercado de influência digital, uma vez que, neste ano, a previsão é que o investimento em marketing de influência seja de mais de US$ 16 bilhões, segundo levantamento realizado pelo Influencer Marketing Hub.

Falo isso porque as pessoas estão cada vez mais impactadas pelo desejo de maior liberdade e aventura no mundo profissional. O combustível para tais sentimentos é uma equação à procura de equilíbrio entre ganhos financeiros e a vontade de contribuir com projetos e companhias, que realmente dão "match" com os seus valores pessoais.

São paixões pessoais que engajam diferentes pessoas e criam comunidades unidas. Isso vem acompanhado de diversas outras dinâmicas que estão emergindo no mundo do trabalho – ou seja: mais livres, autônomas e flexíveis.

O mercado de trabalho está se tornando menos engessado, onde os talentos estão conquistando, cada vez mais, o poder de decisão sobre o seu crescimento profissional. Não é à toa que o Fórum Econômico Mundial prevê que, na maioria dos países – incluindo o Brasil –, algumas das skills emergentes para o futuro do trabalho são voltadas à criatividade e à originalidade, liderança e influência social e design de tecnologias. Basicamente, a abundância de inovação tecnológica deverá ser aproveitada para liberar o potencial criativo humano (e é justamente essa a premissa da Creators Economy).

É claro que vivemos em um momento de instabilidade nacional, que afeta diretamente o mercado de trabalho como um todo. Mesmo que empresas e criadores possam encontrar otimismo nesses dados e movimentos em prol de ambientes mais inclusivos, democráticos e que fomentam a criatividade, ainda há muitos esforços a serem incentivados. Para isso, são necessárias parcerias público-privadas para restaurar o progresso econômico – porém, a prosperidade econômica deve se basear nesses pilares para ser sustentável e socialmente coesa a longo prazo.

Em meio aos avanços tecnológicos, estamos caminhando para ter mais oportunidades de crescimento profissional neste segmento. Isso porque, muito além das plataformas como Youtube e Instagram, a rentabilização de paixões de diversos criadores de conteúdo já é possível ser vista de diversas formas: determinados projetos podem ser iniciados por meio de crowdfunding no site de financiamento coletivo Kickstarter; blogueiros estão levando seus leitores para a plataforma Substack; jogadores já pagam para ver seus ídolos em partidas no serviço de streaming Twitch; além de outros exemplos.

Atualmente, não procuramos mais consumir apenas produtos e serviços online, mas narrativas verdadeiras, que nos envolvem e que nos conectam com outras pessoas que compartilham dos mesmos valores. Essa dinâmica também provoca o desenvolvimento de um novo ramo de negócios. Devemos fazer esforços para direcionar o crescimento do mercado de trabalho nessa direção: visando relações verdadeiras, e maiores possibilidades para que os talentos possam contribuir com suas ideias, levando em consideração a criatividade na construção de iniciativas que impactem positivamente as empresas, as pessoas e a sociedade como um todo.


*Nohoa Arcanjo é Co-founder & Chief Growth Officer da Creators.LLC, plataforma que, por meio de tecnologia e curadoria especializada, realiza o match perfeito entre creators e marcas.

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