Quadro-negro

Uma lousa para se conhecer e discutir o que pensa e faz a gente preta brasileira

Quadro-negro - Dodô Azevedo
Dodô Azevedo

Prontos para nos despedirmos de Galvão e Neymar?

A última década da seleção foi marcada por duas pessoas jurídicas extracampo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jogadores do time de futebol do Brasil lamentam em campo sua desclassificação.
Time brasileiro foi desclassificado da Copa de 2022 no Qatar (Photo by GABRIEL BOUYS / AFP) - AFP

Brasil fora da Copa.

Que Brasil? Que Copa?

Nos últimos dez anos, a seleção brasileira não foi exatamente um time de futebol, do jeito que um time de futebol é percebido por um torcedor de clubes no Brasil. Quando torcemos para nosso clube, sabemos e discutimos em bares toda a escalação, todas as formações em campo, os adversários, quem está em boa fase, quem não está.

Já a seleção, no Brasil, não. É tanta gritaria de patrocinadores e ícones que hoje é mais fácil encontrar um cidadão que saiba quem são os patrocinadores da amarelinha do que todos os jogadores em campo.Quem são os produtos e quem são os jogadores.

Neymar Jr. e Galvão Bueno foram, nesta última década, os grandes produtos que fizeram sombra sobre nossa percepção sobre o time verde e amarelo. Nesta Copa, por um momento, tentaram fazer a mesma coisa com Vinícius Jr. e Richarlison. E por um momento, deu certo. O esquecemos os homens e nos aferramos aos produtos. Reduzidos a Pombo e atacante que dança e sorri.

Richarlison e Vinícius Jr. são o Pombo e o atacante que dança e sorri. E isso é lindo. Mas são, também, mais que isso. Taticamente em campo, inclusive. Mas não consegue-se ver esse além, diante a gritaria dos produtos em nossos ouvidos.

Na Copa do Mundo mais importante da história do futebol, a Espanha em 1982, o Brasil inteiro consumiu 2 produtos. O álbum de figurinhas do chiclete Ping Pong, cuja figurinha do mascote Laranjito era impossível de conseguir, e o disco de vinil com o samba "Voa canarinho", cantado por Júnior.

Ainda assim, naquela época, discutíamos, mesmo crianças, todo o time, e todas as táticas. Jô Soares tinha um quadro em seu programa onde ele cobrava do técnico Telê Santana: "Bota ponta, Telê!".

Sinto saudades da época onde os produtos não ofuscavam o time de meu país.

Neymar e Galvão são dúvidas para a próxima Copa.

Espero que produtos também.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.