São Paulo Antiga

A história e as curiosidades de São Paulo passam por aqui

O maior Rei Momo do mundo

Em 1936, durante o carnaval, São Paulo teve Momo de 18 metros de altura

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Douglas Nascimento
São Paulo (SP)

O carnaval mexe com a alegria dos paulistanos e isso não é de hoje. Se atualmente além dos desfiles no Sambódromo temos a diversão dos bloquinhos, no passado a aglomeração se dava nos diversos festejos espalhados pela cidade, como os bailes, concursos, as batalhas de confetes e serpentinas e, não seria possível deixar de lembrar, dos corsos de carros pela avenida Paulista em uma época que não era qualquer um que podia ter um automóvel.

Rei Momo
Festejos de carnaval do ano de 1936 na avenida São João e, ao fundo, a estátua gigante do Rei Momo. - Theodor Preising

Sua majestade, o Rei Momo

Quando chega o momento da festividade de carnaval, não pode faltar a divertida e simpática figura do Rei Momo. O monarca bonachão, no entanto, não é uma criação do carnaval nacional e surgiu bem diferente do que estamos acostumados hoje em dia, muito tempo atrás na mitologia grega. Não me alongarei na origem dele para isso recomendo ler aqui. O Momo monarca como conhecemos surgiu na Espanha no século 16 e acabou sendo incorporado na cultura carnavalesca brasileira e de outros países da América Latina, como a Colômbia.

A majestade do carnaval é figura constante em todos os desfiles e presença garantida em bailes e festejos. O carnaval inicia-se oficialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro quando o Prefeito entrega a chave da cidade ao Rei Momo, declarando assim aberto oficialmente os festejos carnavalescos.

O que poucos paulistanos sabem é que em 1936 essa ode ao Rei Momo tomou proporções megalomaníacas. Infelizmente esta história não foi muito bem documentada para a posteridade e hoje em dia são raras as imagens desta curiosa estátua que por várias semanas fez parte do cenário de São Paulo. As poucas disponíveis estão dispostas aqui nesta matéria.

Rei Momo
Escultura de Rei Momo na Praça Antônio Prado, região central de São Paulo. - Divulgação

O maior Rei Momo do mundo

Corria o ano de 1935 quando o então Prefeito de São Paulo, Fábio Prado, decidiu que o carnaval do ano seguinte deveria ser inesquecível e pujante. Foi assim que apesar de muita reclamação de vereadores da oposição e de críticas da imprensa, Prado abriu os cofres da prefeitura para enfeitar a capital paulista, o que incluía a construção de uma enorme estátua de Rei Momo.

Para isso foi contratado o escultor Batista Ferri, que começou como mestre de obras do arquiteto Ramos de Azevedo e posteriormente seguiu carreira nas artes plásticas. Na área de esculturas ele colaborou com a construção de obras como o Monumento à Independência do Brasil e o Monumento à amizade Sírio-Libanesa. Das obras de sua autoria, destacam-se o Índio Caçador, na avenida Vieira de Carvalho, e a Guanabara atualmente diante da sede da Prefeitura de São Paulo.

Rei Momo
O escultor Batista Ferri durante a construção da escultura. - Correio Paulistano/Reprodução

Ferri construiu nada mais nada menos que um verdadeiro gigante de 18 metros de altura bem no início da avenida São João, precisamente na praça Antônio Prado. A escultura com seus traços inspirados no estilo art déco apresentava o Rei Momo com os braços levantados segurando uma máscara de carnaval sobre sua cabeça.

O grandioso monumento foi construído na própria praça e desde o início chamou a atenção dos paulistanos. Após sua inauguração rapidamente virou uma concorrida atração turística da cidade com pessoas de todos os cantos de São Paulo indo até o centro para contemplar o nosso "Colosso de Rodes".

Escultura do Rei Momo
Escultura de Rei Momo na Praça Antônio Prado, região central de São Paulo. - Divulgação

O fim da escultura

Após as festividades carnavalescas a escultura ficou ainda algum tempo na praça Antônio Prado até ser totalmente desmontada pela prefeitura. Deixá-lo em pé algum tempo além do carnaval foi o estopim para que muitos opositores e a mídia criticassem o gasto exagerado com uma obra que depois seria desmontada para sempre.

Este tipo de obra, de duração breve, não era novidade em São Paulo. A chamada "arquitetura efêmera" já havia sido empregada diante da estação da Luz, quando São Paulo construiu um Arco do Triunfo para receber o então Presidente da República, Epitácio Pessoa.

Após as inúmeras críticas sobre os gastos exagerados na realização do carnaval de 1936, onde só a escultura custou aproximadamente, em valores de hoje, R$ 1 milhão, o carnaval do ano seguinte foi bem mais modesto em investimentos e não contou com nenhuma outra extravagância ao nível da estátua de Momo.

Escultura do Rei Momo
Escultura de Rei Momo na Praça Antônio Prado, região central de São Paulo. - Divulgação

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.