Fuzil. Pistola. Granada.
O ex-deputado Roberto Jefferson resiste à prisão.
O dr. Siccari era um bem-sucedido comerciante de artigos esportivos.
—Loucura. Falta de bom senso.
Ele balançava a cabeça.
—A Polícia Federal pensa que manda neste país.
Ele ia ficando cada vez mais preocupado.
—Qualquer hora me pegam também.
Impostos. Contrabando. Venda de armas ilegais.
—Mentira. Essas acusações nunca foram provadas.
Em todo caso, era melhor tomar precauções.
Um experiente advogado era seu consultor nessas horas.
—Dr. Saavedra. Posso falar um momentinho?
--Rrrk... rrrk... claro... arrham.
Décadas de tabagismo dificultavam a clareza de uma célebre expertise jurídica.
—Qual é o kkkh... problehhkhhma?
—O senhor acha que eu deveria pedir asilo político?
—Rhumk, rhumk.
—Para os Estados Unidos, por exemplo...
Saavedra foi pessimista.
—Na época do... kkfff... Trumkkh... mas agh... aghohra...
--Rússia? Ucrânia? Portugal?
—Hrm... você está hhhonde, Sic... rhaam... Siccari? Em Brhaahsília?
—Aqui na Asa Sul.
—E está... hum, hum, armado? Krrrh.
—Totalmente. E com carro blindado também.
—Fikkh na linha... que eu... rrrhum... vou ver uns contatos.
As instruções de Saavedra foram precisas.
Às seis da manhã o Audi blindado de Siccari invadiu em alta velocidade uma dependência federal.
—Aqui é o Comando Militar?
—Perfeitamente. Positivo.
—Estou pedindo proteção do General Perácio. E estou trazendo munição boa de presente.
—Positivo. Perfeitamente.
Siccari já se acostumou com a rotina do quartel.
—E essa japona verde me caiu bem pra caramba.
A conta do advogado foi salgada.
Mas, antes de fugir para o exterior, vale lembrar um lema de grande importância.
A Pátria acima de tudo.
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