Cães são treinados para farejar malária em pacientes sem sintomas

Animais conseguiram detectar a doença com 70% de eficácia apenas cheirando meias de crianças

Cão em treinamento para detecção de doenças - Matthew Stock/Reuters
TAMPA (EUA) | AFP

Os cães podem ser treinados para farejar certos tipos de câncer, pessoas em risco de sofrer um coma diabético e agora mostram bons resultados em diagnosticar crianças com malária.

De acordo com as descobertas apresentadas no encontro anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, os cães treinados para farejar parasitas da malária detectaram a presença da doença transmitida por mosquitos apenas cheirando as meias de crianças africanas.

Após exames, elas acusaram positivo para malária, embora não apresentassem febre ou outros sintomas externos.

A malária mata em torno de 445.000 pessoas em todo o mundo a cada ano e é causada por parasitas que são transmitidos por mosquitos. Casos da doença estão em ascensão no mundo todo. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) contabiliza 216 milhões de casos de malária em 2016, um aumento de cinco milhões de pessoas em relação ao ano anterior.

“É preocupante, nosso progresso no controle da doença estagnou nos últimos anos, por isso precisamos desesperadamente de ferramentas inovadoras para ajudar na luta contra a malária”, afirmou o coautor do estudo, James Logan, chefe do departamento do controle de doenças da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. 

“Nossos resultados mostram que cães farejadores podem ser uma forma séria de diagnosticar pessoas que não apresentam nenhum sintoma, mas ainda são infecciosas, de forma mais rápida e mais fácil”, explicou.

No total, 175 meias foram testadas, incluindo 30 de crianças portadoras de malária, na Gâmbia, e 145 de crianças não infectadas. Os cães conseguiram identificar corretamente 70% das amostras infectadas.
Eles também foram capazes de identificar 90% das amostras sem parasitas.

O pesquisador-chefe, Steve Lindsay, do departamento de biociências da Universidade de Durham, na Inglaterra, diz que isso mostra um “grau de precisão crível”.

Maiores pesquisas ainda são necessárias, no entanto os especialistas estão esperançosos pelo potencial do treinamento.

“Significa uma maneira não invasiva de rastreio da doença nos portos de entrada de forma semelhante a como cães farejadores são rotineiramente usados para detectar frutas,  vegetais ou drogas em aeroportos”, acrescentou Lindsay.
 

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