Matemática ucraniana é a segunda mulher a receber a Medalha Fields

Prêmio é concedido a matemáticos com menos de 40 anos que se destacam em pesquisas

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Helsinque | AFP

Quatro matemáticos receberam nesta terça-feira (5) em Helsinque, na Finlândia, a Medalha Fields, incluindo a ucraniana Maryna Viazovska, a segunda mulher a receber o prêmio de grande prestígio desde sua criação em 1936.

Os outros três vencedores do prêmio, considerado um equivalente ao "Nobel de Matemática", são o francês Hugo Duminil-Copin, o britânico James Maynard e o americano-sul-coreano June Huh.

A medalha de ouro, concedida a cada quatro anos e acompanhada por um cheque de 15 mil dólares canadenses (pouco mais de US$ 11.500, ou R$ 62 mil), recompensa "feitos excepcionais" de matemáticos de menos de 40 anos.

A ucraniana Maryna Viazovska, de 38 anos, mostra sua Medalha Fields, recebida na cerimônia de premiação realizada em Helsinque (FIN)
A ucraniana Maryna Viazovska, 38, mostra sua Medalha Fields, recebida na cerimônia de premiação realizada em Helsinque - Vesa Moilanen/Lehtikuva/AFP

O anúncio aconteceu em uma cerimônia na capital da Finlândia, Helsinque, durante o Congresso Internacional de Matemáticos.

A cerimônia estava prevista inicialmente para São Petersburgo, mas foi transferida para Helsinque devido à invasão da Ucrânia.

"A brutal guerra que a Rússia continua travando contra a Ucrânia não deixou outra alternativa", lamentou o presidente da União Internacional de Matemáticas (IMU), Carlos Kenig.

'Minha vida mudou para sempre'

Maryna Viazovska é a segunda mulher a receber a medalha em 80 anos.

Ela nasceu em 1984 na Ucrânia, quando o país ainda era parte da União Soviética, e é professora na Escola Politécnica Federal de Lausanne, Suíça, desde 2017.

Com a invasão da Ucrânia em fevereiro, "minha vida mudou para sempre", disse Viazovska.

A ucraniana venceu o prêmio por ter solucionado uma versão de um problema geométrico centenário, no qual demonstrou o empacotamento mais denso de esferas idênticas em oito dimensões.

O "problema de empacotamento de esferas" remonta ao século 16, quando foi apresentada a questão de como as balas de canhão deveriam ser empilhadas para obter a solução mais densa possível. O júri tomou a decisão antes do início da guerra.

A primeira mulher a receber a Medalha Fields foi Maryam Mirzakhani em 2014, uma matemática iraniana que faleceu três anos depois de uma batalha contra o câncer.

Os trabalhos do francês Duminil-Copin, 36, concentram-se na área matemática da física estatística. Ele é professor no Institut des Hautes Etudes Scientifiques, na região de Paris, e na Universidade de Genebra.

Ele foi premiado por ter solucionado "problemas de longa data na teoria probabilística das transições de fase", que, segundo o júri, abriu várias direções de pesquisas novas.

Os ganhadores da Medalha Fields, da esq. para a dir.: Maryna Viazovska, o britânico James Maynard, o americano-sul-coreano June Huh e o francês Hugo Duminil-Copin
Os ganhadores da Medalha Fields, da esq. para a dir.: Maryna Viazovska, o britânico James Maynard, o americano-sul-coreano June Huh e o francês Hugo Duminil-Copin - Vesa Moilanen/Lehtikuva/AFP

James Maynard, 35, é professor na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ele recebeu a medalha por suas "contribuições à teoria analítica dos números, que permitiram importantes avanços na compreensão da estrutura dos números primos e na aproximação diofantina".

June Huh, 39, professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, recebeu o prêmio por "transformar" o campo da combinatória geométrica, "utilizando métodos da teoria de Hodge, a geometria tropical e a teoria da singularidade", afirmou o júri.

A geometria tropical recebeu este nome em homenagem ao pioneiro da disciplina, o cientista da computação brasileiro Imre Simon, que morreu em 2009.

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