Descrição de chapéu The New York Times

Telescópio James Webb detecta galáxia distante em espiral, como a nossa

Conglomerado fotografado com câmera que captura ondas de infravermelho está a cerca de 1 bilhão de anos-luz de distância

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Dennis Overbye
The New York Times

Na escuridão e no tempo insondáveis que são o universo, cada estrela é um presságio de esperança, uma promessa de vida e abrigo, como as luzes de um navio distante num mar frio.

E assim, por cortesia do Telescópio Espacial James Webb, aqui está mais um lembrete da fecundidade e generosidade da natureza: milhares de galáxias, trilhões de estrelas e planetas inumeráveis, um reino ilimitado de possibilidades que remonta a 13 bilhões de anos em um pequeno pedaço do céu na constelação de Hércules.

No centro inferior está uma galáxia em espiral conhecida como Leda 2046648. Parece uma cópia morta da grande galáxia de Andrômeda, M31, ou sua gêmea, nossa própria galáxia, a Via Láctea —exceto que a galáxia LEDA está a 1 bilhão de anos-luz de distância.

Imagem capturada pelo telescópio espacial James Webb mostra a galáxia em espiral Leda 2046648, semelhante à Via Láctea
Imagem capturada pelo telescópio espacial James Webb mostra a galáxia em espiral Leda 2046648, semelhante à Via Láctea - ESA/Webb, Nasa & CSA, A. Martel via NYT

Um bilhão de anos atrás, quando a luz desta imagem foi emitida, os primeiros organismos multicelulares surgiam na Terra e estavam tateando seu caminho na escada evolucionária em direção a plantas, peixes, dinossauros, humanos e o que vier a seguir.

Uma das principais missões do telescópio Webb é explorar a era em que as primeiras estrelas e galáxias começaram a iluminar o universo. O molho secreto do Webb é sua capacidade de detectar raios infravermelhos, ou radiação eletromagnética de comprimentos de onda mais longos do que a luz visível, que é, portanto, invisível aos olhos humanos. Com a expansão do universo, objetos a bilhões de anos-luz estão se afastando da Terra tão rápido que sua luz é "desviada para o vermelho" para comprimentos de onda infravermelhos mais longos, que o telescópio Webb consegue enxergar.

O universo como pensamos que o conhecemos surgiu com o Big Bang há cerca de 13,8 bilhões de anos. Quase todos os objetos nesta imagem são galáxias distantes; as poucas estrelas entre elas são distinguíveis por seus picos de difração de seis pontas. Acredita-se que algumas das bolhas de fundo datem de apenas 300 milhões de anos após o início do cosmos.

Estudar essas galáxias primitivas, segundo os astrônomos, deve ajudar a esclarecer que tipo de estrelas se condensaram a partir do Big Bang e como os buracos negros supermaciços passaram a ocupar os centros de quase todas as galáxias hoje. Os resultados preliminares dessas investigações surpreenderam os cientistas, ao sugerir que pode haver mais galáxias primitivas e buracos negros maciços do que previam os modelos tradicionais das origens cósmicas.

Esta imagem da galáxia Leda foi obtida em 22 de maio de 2022, enquanto astrônomos ligados à Agência Espacial Europeia testavam a câmera do telescópio, a Near InfraRed Camera ou NIRCam; a ESA fez parceria com a Nasa e a Agência Espacial Canadense para construir e operar o telescópio. Em 31 de janeiro, a ESA divulgou a imagem ao público como a Imagem do Mês.

Vendo este instantâneo da eternidade, é difícil não se perguntar se micróbios ou algo mais estariam tendo sucesso semelhante na Leda 2046648 ou em uma das outras bolhas luminosas na imagem, e se algum dia saberemos.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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