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Tumba de mais de mil anos descoberta no Peru revela vida luxuosa de 'senhor das águas'

Os arqueólogos dizem que ainda são necessárias mais evidências e mais análises sobre os achados na tumba para que se possa chegar mais perto da identidade do dono da tumba

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BBC News Brasil

Um grupo de arqueólogos peruanos descobriu o que parece ser uma tumba pré-incaica, de 1.200 a 1.400 anos atrás, de uma "personalidade da elite" provavelmente dedicada a "atividades marinhas".

A tumba foi encontrada no vale de Chancay, a nordeste de Lima, e faz parte do que é conhecido como cemitério Matacón.

Cova de seis metros de profundidade é a mais antiga e profunda já encontrada no cemitério Matacón, que vem sendo estudado desde 2018 - EPA via BBC

A cultura Chancay se desenvolveu na costa central do país, nos vales de Fortaleza, Pativilca, Supe, Huaura, Chancay, Chillón, Rímac e Lurín.

Os arqueólogos concluíram que a tumba recém-descoberta, a maior e mais antiga já encontrada na região, deve ter pertencido a uma pessoa de alto escalão na comunidade, pois foram encontrados os restos mortais dela com os de mais cinco pessoas — possivelmente parentes ou empregados que foram sacrificados, segundo disse à agência de notícias EFE o arqueólogo Pieter Van Dalen Luna.

Objetos encontrados no túmulo - EPA via BBC

Também foram encontrados 25 recipientes que continham comida e os restos mortais de quatro lhamas.

Os arqueólogos dizem que ainda são necessárias mais evidências e mais análises sobre os achados na tumba para que se possa chegar mais perto da identidade do dono da tumba.

Foram encontrados restos mortais de seis pessoas e também de animais - EPA via BBC

Um remo foi encontrado. Segundo explicou o professor Van Dalen Luna à emissora da Universidade de San Marcos, este objeto não tinha sido encontrado em nenhuma das outras 80 tumbas que haviam sido escavadas anteriormente no cemitério.

"Pode ter sido uma pessoa dedicada à atividade marítima, de repente pescando ou coletando mariscos", diz Van Dalen.

Esta cultura pré-incaica fez parte das chamadas populações aimarás. Elas povoaram áreas da Bolívia, do Peru e do Chile antes da expansão do império inca. Seu declínio coincidiu com a expansão de Tahuantinsuyo — que era como os incas se referiam à sua própria cultura.

O grupo de arqueólogos que fez a descoberta acredita que filhos e servos sacrificados foram enterrados ao lado do ‘senhor das águas’ - EPA via BBC

O cemitério está localizado perto de uma área residencial, ocupada atualmente.

A cerca de 50 metros da escavação estão algumas casas que podem ter sido chave para que o túmulo não fosse saqueado.

A cerca de 50 metros da escavação estão algumas casas que podem ter sido chave para que o túmulo não fosse saqueado - EPA via BBC

"Se é verdade, por um lado, (que) a instalação das casas ocupou parte da zona arqueológica, por outro lado também tem permitido que os saqueadores (de sítios arqueológicos) não cheguem aqui", disse o professor.

Diversos potes com restos de alimentos e produtos foram localizados - EPA via BBC

Ele destacou que são necessários recursos e apoio das autoridades para manter intacto esse tesouro arqueológico, que pode nos ajudar a entender melhor como os povos se estabeleceram nas Américas na antiguidade.

"Por que não pensar que este vale foi povoado por populações aimarás antes do ano 0 e do início desta era?", sugere Van Dalen.

Este texto foi publicado originalmente aqui.

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