Descrição de chapéu BBC News Brasil África

A impressionante reconstrução facial de egípcio que viveu há 35 mil anos feita por brasileiros

Equipe de especialistas conseguiu fazer reconstrução digital a partir de fragmentos do crânio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

BBC News Brasil

Com apenas alguns fragmentos de ossos cranianos, uma equipe de especialistas do Brasil conseguiu fazer uma reconstrução digital do rosto de um mineiro que viveu no norte da África há cerca de 35 mil anos.

Os restos do esqueleto do homem, identificado como Nazlet Khater 2 (ou NK2, já que é o segundo corpo humano encontrado no sítio de Nazlet Khater), foram descobertos em 1980 no Vale do Nilo.

As análises antropológicas do corpo levaram especialistas a concluir que se tratava de um homem com idade entre 17 e 20 anos, medindo pouco menos de 165 cm e descendente de africanos.

foto mostra reconstrução de egipcio. do lado esquerdo, imagem sem cor, cabelo e pelos. do lado direito, cor negra, cabelos crespos e barba rala
Reconstrução facial de egípcio que viveu há 35 mil anos feita por brasileiros impressiona por detalhes - Moraes, Dornelles e Da Rosa/BBC News Brasil

Algumas características e deformações de seus ossos mostraram que ele era um trabalhador, provavelmente da indústria de mineração, que teve "trabalho pesado na vida".

Segundo o estudo, conduzido pelo desenhista forense Cícero Moraes em colaboração com o antropólogo Moacir Elias Santos, os restos mortais de NK2 dão indícios de que ele fez "esforços físicos com levantamento constante de peso desde a infância".

Santos é arqueólogo do Museu de Arqueologia Ciro Flamarion Cardoso, em Ponta Grossa. Moraes é designer.

Isso é consistente com o fato de que Nazlet Khater era um local de mineração de rochas. E próximo ao corpo do NK2 foi encontrado um machado bifacial que provavelmente era utilizado para esse tipo de trabalho.

A reconstrução do rosto

Embora o esqueleto estivesse quase completo, o trabalho de Moraes e Santos enfrentou uma grande dificuldade: faltavam partes do crânio, algumas na região facial.

Como a parte esquerda do rosto estava completa, eles fizeram um "espelho" para preencher a parte que faltava no lado direito, explicam em seu estudo.

foto mostra organograma de reconstrução facial de egipcio. mostra diferentes camadas de tecidos adicionadas à figura
Reconstrução facial de egípcio que viveu há 35 mil anos feita por brasileiros impressiona por detalhes - Moraes, Dornelles e Da Rosa/BBC News Brasil

Aplicando esta e outras técnicas de reconstrução craniana, eles criaram um modelo para trabalhar com software que costuma ser usado neste tipo de recriações, "gerando dados mais robustos sobre o tamanho dos lábios e do nariz", explicam os especialistas.

Como não é possível saber que tom de pele ele tinha, como eram seus olhos e que tipo de cabelo tinha, já que não há amostras de DNA nesse tipo de caso, Moraes e Santos fizeram um modelo "mais objetivo e científico", que consistia em um busto em tons de cinza.

Por meio dele, é possível ter uma aproximação de como era a fisionomia facial do jovem mineiro NK2, cujos restos mortais foram preservados no Vale do Nilo por milhares de anos.

foto mostra reconstrução de egipcio
Reconstrução facial de egípcio que viveu há 35 mil anos feita por brasileiros impressiona por detalhes - Moraes, Dornelles e Da Rosa/BBC News Brasil

Para fins de divulgação, os especialistas também ofereceram uma abordagem mais artística, com características dos habitantes dessa região egípcia.

Nessa imagem, eles apresentam como ele ficaria de olhos abertos, com barba e cabelo. Moraes e Santos advertem que há elementos "especulativos" na imagem.

"Por se tratar de uma obra que será apresentada ao público em geral, ela fornece os elementos necessários para uma humanização completa", dizem.

No passado, outros especialistas em reconstrução ofereceram imagens de como poderiam ser os humanos encontrados em Nazlet Khater.

Em todos os casos, trata-se de aproximações, pois não é possível recriar com 100% de certeza como era uma pessoa apenas com a informação de sua aparência óssea.

foto mostra reconstrução completa de rosto de egípcio que viveu há 35 mil anos. ele é negro, tem cabelos crespos curtos e barba rala
Reconstrução facial de egípcio que viveu há 35 mil anos impressiona por detalhes - Moraes, Dornelles e Da Rosa/BBC News Brasil

Este texto foi publicado aqui.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.