Caverna revela vida pré-histórica com preguiça-gigante na região de BH

Paleotoca foi encontrada a Serra do Gandarela; outra pode vir a ser confirmada na capital mineira

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Belo Horizonte

Animais pré-históricos como preguiças-gigantes, com quatro toneladas e seis metros de extensão, vivendo na área em que, milênios depois, veio a se transformar na região metropolitana de Belo Horizonte.

A descoberta de uma paleotoca e a possibilidade da confirmação da existência de outras na imediações da capital mineira e na própria cidade indica a presença desses animais na região há até aproximadamente 10 mil anos, quando foram extintos.

A foto mostra um pesquisador agachado dentro de paleotoca encontrada na Grande Belo Horizonte em 2010.
Pesquisador no interior de paleotoca encontrada em 2010 na Serra do Gandarela, na Região Metropolitana de Belo Horizonte - Robson Zampaulo/Divulgação

Paleotoca é o nome dado para cavidades abertas por esses animais. Uma das principais características dessas aberturas na terra são ranhuras ao seu entorno, provocadas pelas longas garras dos mamíferos.

A paleotoca descoberta fica na região da Serra do Gandarela, próximo ao parque nacional, e tem 340 metros. A cavidade está a cerca de 40 quilômetros de Belo Horizonte, dentro de propriedade da mineradora Vale.

A cavidade foi descoberta pela própria empresa. O fato de estar dentro de terreno da mineradora preocupa espeleólogos, que são especialistas no estudo de cavernas.

"A região merece um estudo profundo, já que existe a possibilidade de haver um grande complexo de paleotocas no local", afirma Luciano Faria, da Sociedade Brasileira de Espeleologia.

A foto mostra ranhuras feitas por animal pré-histórico em paleotoca encontrada na Grande Belo Horizonte em 2010.
Ranhuras feitas por animal pré-histórico em paleotoca encontrada em 2010 na Serra do Gandarela, na Região Metropolitana de Belo Horizonte - Robson Zampaulo/Divulgação

Esse tipo de cavidade é protegido por lei federal. A mineradora Vale afirma adotar medidas para que a paleotoca seja preservada, realizando estudos sobre a biodiversidade na estrutura, impactos do clima e estabilidade geotécnica.

Outra cavidade que pode ser uma paleotoca foi localizada em 2017 no Parque das Mangabeiras, no extremo sul da capital mineira. O achado foi apresentado no 35º Congresso Brasileiro de Espeleologia, realizado em Bonito (MS) em 2019. A possível paleotoca tem 8,7 metros de comprimento.

"A cavidade apresenta marcas nítidas de garras o que sugere uma gênese por ação bioerosiva, ou seja, que tenha sido escavada por algum animal da megafauna extinta", diz o registro da apresentação da descoberta no congresso.

Uma preguiça-gigante é representada em arte. O animal está de pé tendo uma árvore à sua frente.
Representação de preguiça-gigante, espécie que pode ser responsável por paleotoca - Rodolfo Nogueira/Divulgação

A possibilidade da ocorrência de tantas paleotocas pode ajudar na compreensão da vida animal na região no período pré-histórico. "Esses animais não eram eremitas. Não viviam isolados", diz o espeleólogo Faria.

O representante da mineradora Vale para a área, o também espeleólogo Robson Zampaulo, afirma que a paleotoca descoberta pela empresa em 2010 serve, atualmente, como abrigo, local de reprodução e alimento para espécies que vivem na superfície e em ambientes subterrâneos.

"As grandes dimensões, marcas de garras nas paredes e tetos, morfologia e seções da caverna permitem atribuir parte de sua gênese às preguiças-gigantes de dois dedos, constituindo um importante registro da megafauna extinta de mamíferos na região", diz.

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