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Audiência com 'corpos alienígenas' no Congresso mexicano é chamada de golpe

Ministra diz que nenhuma instituição científica no Peru identificou os restos mortais como não humanos

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Cassandra Garrison
Cidade do México | Reuters

Uma audiência sobre óvnis no Congresso do México, que contou com a apresentação de supostos restos mortais de seres não humanos, desencadeou rápida reação internacional nesta quinta-feira (14). Críticos a rotularam como um "golpe".

O jornalista mexicano e entusiasta de óvnis (objetos voadores não identificados) de longa data Jaime Maussan mostrou aos políticos, na audiência de terça-feira (12), dois pequenos "corpos" exibidos em caixas, com três dedos em cada mão e cabeças alongadas. Ele afirmou que eles teriam sido encontrados no Peru em 2017 e não estavam relacionados a nenhuma vida na Terra.

As imagens da audiência no Congresso, a primeira do tipo no México, despertaram curiosidade internacional, assim como um escárnio substancial.

Supostos restos mortais de seres não humanos apresentados em audiência na Cidade do México - Henry Romero/Reuters

O ex-piloto da Marinha dos EUA Ryan Graves, que também compareceu à audiência para compartilhar sua experiência pessoal com avistamentos de "fenômenos anômalos não identificados" —ou UAP, na sigla em inglês— criticou a apresentação.

"A apresentação de ontem [terça] foi um grande retrocesso nesta questão", disse Graves na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter. "Estou profundamente desapontado com este golpe sem fundamento."

Graves participou de audiências no Congresso dos EUA sobre óvnis em julho, quando disse que os avistamentos de fenômenos inexplicáveis no espaço aéreo eram "grosseiramente subnotificados".

Maussan disse na apresentação que os espécimes foram recuperados perto das antigas Linhas de Nazca, no Peru, e foram datados por carbono pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que concluiu que eles tinham cerca de mil anos de idade. Ele disse que eles não estavam relacionados a nenhuma espécie da Terra.

Descobertas semelhantes no passado revelaram-se posteriormente restos mortais de crianças mumificadas.

A ministra da Cultura do Peru, Leslie Urteaga, disse que nenhuma instituição científica no país sul-americano identificou os restos mortais como não humanos e questionou como os espécimes deixaram o Peru.

"Há uma queixa criminal do Ministério da Cultura contra algumas pessoas que tiveram um relacionamento com estes senhores", disse Urteaga aos jornalistas na noite de quarta-feira (13), referindo-se a Maussan e seus associados.

"Vou pedir informações para ver o que aconteceu... sobre a remoção de objetos pré-hispânicos, porque entendo que fazem parte de restos ósseos pré-hispânicos", acrescentou.

Maussan não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Unam, num comunicado republicado quarta-feira e emitido pela primeira vez em 2017, disse que o trabalho do seu Laboratório Nacional de Espectrometria de Massa com Aceleradores (Lema) se destinava apenas a determinar a idade das amostras.

A universidade recusou um pedido da Reuters para ver os resultados completos do estudo ou entrevistar os pesquisadores que participaram. Além disso, recusou-se a dizer a idade que seu estudo concluiu que as amostras tinham.

Colaboraram Joey Roulette, de Washington, e Marco Aquino, de Lima

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