Descrição de chapéu dinossauro

Dente gigante achado em Minas ajuda a reconstituir história de dinossauros no Brasil

Atribuído à espécie Uberabatitan ribeiroi pela localização em que foi encontrado, fóssil dentário tem 6,1 cm e é o maior dente de titanossauro do mundo já escavado

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Ribeirão Preto

Foi encontrado em Minas Gerais, na Serra da Galga, o maior dente de titanossauro do mundo. O fóssil dentário, atribuído pelos pesquisadores a um Uberabatitan riberoi, o "Titan de Uberaba", tem 6,1 cm, está bem preservado e deve ajudar a reconstituir parte da história dos dinossauros no país e da fauna da região.

O maior morfotipo registrado antes tinha 5,6 cm e foi escavado na Argentina. Ao todo, foram descobertos três dentes gigantes de diferentes regiões fossilíferas da cidade de Uberaba, incluindo o maior deles, localizado próximo à BR-050.

Imagem mostra dente gigante de titanossauro, encontrado em Minas Gerais
Dente gigante de titanossauro é encontrado em Minas Gerais - Julian Silva Júnior

O estudo sobre os dentes foi desenvolvido por pesquisadores do Museu dos Dinossauros da Faculdade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em parceria com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP).

Os outros dois dentes encontrados possuem 4,38 cm e 2,39 cm e são atribuídos a titanossauros jovens. Uberaba possui, desde a década de 1940, um grande destaque na paleontologia devido à existência de duas formações geológicas favoráveis à preservação de fósseis na topografia da cidade.

"Daí a grande quantidade de fósseis descobertos por lá. Claro que nada disso adiantaria se não existisse um museu na região, responsável por realizar coletas frequentes", afirma o paleontólogo Julian Silva Júnior. O museu em questão foi fundado nos anos de 1990, tendo depois sido associado à UFTM, responsável por manter as pesquisas.

O achado foi tema do doutorado na USP de Silva Júnior, que trabalha com a evolução dos titanossauros e, no momento, é pós-doutorando do Laboratório de Paleontologia e Evolução de Ilha Solteira, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O fato mais importante revelado pelos fósseis dentários dessa espécie, entretanto, segundo o autor, são as chamadas informações de "paleoambiente", que reconstituem o habitat onde esses animais viveram.

"Nesse caso, temos informações como as de que filhotes e adultos compartilhavam o mesmo ambiente e que se alimentavam de plantas parecidas. Somado ao fato de que já temos ninhos fósseis achados antes em Uberaba, sabemos que era um ambiente que conseguia suportar uma grande fauna de titanossauros", avalia o pesquisador.

Os dentes de um dinossauro revelam informações como o tipo de vegetação que esse animal consumia e se jovens e adultos se alimentavam de forma parecida ou se havia vegetação suficiente para manter gigantes desse porte. Quando encontrados sem grandes desgaste no esmalte ou com partes faltantes, como foi o caso de Uberaba, é possível dizer, por exemplo, que os animais comiam plantas mais macias.

Os fósseis dentários do estudo foram encontrados nos últimos anos, mas a análise do material só foi concluída e publicada agora em 2023. A expectativa é de que as informações ajudem cientistas de todo o mundo a recontar a história de vida desses animais.

Os Uberabatitans são do grupo de dinossauros da linhagem saurópodes e são considerados os maiores dinossauros brasileiros conhecidos. Os pesquisadores contam que esses dinos viveram na região do sítio arqueológico uberabense de Peirópolis no período Cretáceo (há 66 milhões de anos).

Eles eram quadrúpedes, herbívoros e tinham pescoços e caudas compridos, sendo que os maiores indivíduos chegavam a 26 metros. "Não sabemos a qual animal esse dente [gigante] pertencia, pois ele foi achado isolado. Neste caso, na região na BR-050, onde o dente foi escavado, só foi achado até hoje o Uberabatitan ribeiroi e, por isso, estamos associando o dente a esta espécie", disse o paleontólogo.

Não há previsão de quando e se os dentes serão colocados em mostra pública, mas os fósseis já integram o acervo tombado do Museu de Peirópolis, que possui coleções rotativas. "Nada impede que sejam expostos em algum momento", afirma Silva Junior.

O pesquisador tem dado sequência ao estudo dos titanossauros mineiros e suas próximas publicações devem trazer questões envolvendo gigantismo e a forma de andar desses dinossauros.

Além dos fósseis de dinossauros, Uberaba já revelou também fósseis de crocodilos e outros répteis datados de 80 milhões a 65 milhões de anos atrás.

Erramos: o texto foi alterado

O período Cretáceo se encerrou há 66 milhões de anos, e não há 65 milhões.

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