Veja como assistir ao eclipse anular do Sol do próximo dia 14, e a que horas

Regiões Norte e Nordeste terão visão privilegiada do fenômeno, enquanto restante do país verá um eclipse parcial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Na antiguidade, por milênios, muitas culturas mundo afora relacionavam os eclipses do Sol a pragas, a presságio de algo ruim ou punição dos deuses. Com o florescimento da ciência e da tecnologia no século 17, no entanto, os mitos criados foram pouco a pouco sumindo para dar lugar ao que hoje se tornou o evento, um espetáculo da natureza, mas que ainda provoca espanto e admiração por onde passa.

No próximo sábado (14), os brasileiros terão mais uma oportunidade de acompanhar um eclipse solar anular, quando a Lua cobre o astro, mas deixando um aro de fogo ao seu redor. Não serão todas as regiões do Brasil, porém, que poderão acompanhar todo o esplendor deste fenômeno. E também não por muito tempo.

Tire abaixo as suas dúvidas em relação ao último eclipse solar visível no país neste ano.

Eclipse solar visto a partir da Austrália, em abril deste ano; o fenômeno será observável neste sábado (14) no Brasil
Eclipse solar visto a partir da Austrália, em abril deste ano; o fenômeno será observável neste sábado (14) no Brasil - Várias fontes - 20.abr.23/AFP

Como vai ser o eclipse solar do dia 14 de outubro no Brasil?

O eclipse solar deste sábado será do tipo anular, que ocorre quando o tamanho aparente da Lua é menor do que o do Sol, deixando visível um anel de luz ao seu redor, que é chamado de anel de fogo. A última vez que esse evento pôde ser observado a partir do Brasil foi em 3 de novembro de 1994, há quase 29 anos, quando a região Sul do país teve a visão da totalidade, ou seja, o anel de fogo ficou perfeito no céu.

Onde será possível observar o eclipse anular na sua totalidade?

O eclipse poderá ser observado em todo o território brasileiro na sua parcialidade. No entanto, o anel de fogo poderá ser observado apenas nas regiões Norte e Nordeste, começando no Amazonas, passando pelo Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, uma pequena parte de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. As únicas capitais no caminho da anularidade são Natal (RN) e João Pessoa (PB).

Qual o melhor horário para observar o eclipse?

O eclipse anular começará a ser visto de forma completa no Amazonas por volta de 12h05, seguindo para Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, até por volta das 17h50.

Moradores de São Paulo e Rio de Janeiro verão o fenômeno?

São Paulo e Rio de Janeiro estão fora da faixa da totalidade do eclipse, ou seja, quando o Sol é coberto pelo disco lunar. Por isso, os dois estados verão um eclipse parcial, com cerca de 40% do disco solar sombreado pela Lua. Quanto mais distante do local onde a Lua passará sobre a Terra, menor será a faixa de eclipse visível. O melhor horário para observar o fenômeno será às 16h49 (de Brasília) em São Paulo e às 16h51, no Rio.

O problema para os paulistas será o tempo nublado. Segundo o site Climatempo, o céu do sábado na capital paulista deverá estar coberto por nuvens e com garoa, com temperatura máxima de 18ºC. Se ficar desse jeito, a visualização do eclipse não será possível. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), no entanto, prevê algumas aberturas de sol, o que tornaria a observação possível.

No Rio de Janeiro, pelo menos, a previsão é que a tarde tenha sol entre as nuvens, dando oportunidade para os cariocas assistirem ao evento.

É possível observar o eclipse a olho nu?

Segundo Filipe Monteiro, astrônomo do Observatório Nacional, é preciso tomar cuidado ao observar o Sol e não é recomendável observar o eclipse a olho nu porque pode causar queimaduras na retina, lesão que é irreversível.

"Se é um eclipse total do Sol, ou seja, quando ele fica totalmente eclipsado pela Lua, seria até possível, mas não é ideal porque aquele evento dura alguns minutos, e se você se descuidar pode ter o seu olho afetado. Ainda mais neste caso, que é um eclipse anular, ou seja, o Sol não vai ser totalmente eclipsado pela Lua. Então, vamos ter o anel de fogo e a luz do Sol ainda estará chegando à Terra, mesmo nas regiões de totalidade do eclipse. Por isso, tem que ser utilizado um filtro específico para esses casos."

Que tipos de material podem ser usados como filtro?

O astrônomo diz que existem alguns filtros no mercado que servem para bloquear grande parte da luz proveniente do Sol, como o vidro de soldador, ou filtro de soldador, número 14 ou maior (ISO 12312-2). "Esse filtro vai bloquear a maior parte da luz do Sol e só uma quantidade pequeniníssima vai conseguir passar pelo filtro, e essa quantidade é suficiente para que não prejudique nossos olhos", afirma Monteiro.

"Mas é válido ressaltar que o filtro de soldador deve ser usado com cautela, sendo recomendado utilizá-lo por intervalos de curtos períodos, alternando a observação com um momento de 'descanso'. Assim, quem tiver apenas em mãos o filtro de soldador, é recomendado utilizar para observação por cerca de 10 segundos e descansar a vista por um tempo mínimo de 1 minuto. Por isso, dê preferência aos filtros e/ou instrumentos apropriados para a observação solar", destaca o astrônomo.

Posso observar o eclipse com óculos escuros ou chapa de raio-X?

Não. Os especialistas não recomendam o uso de óculos escuros nem chapas de raio-X porque esses materiais não costumam bloquear as radiações ultravioleta (UV) e infravermelha (IR), que provocam lesões nos olhos.

Quem tem binóculo, luneta ou telescópio pode olhar diretamente?

O astrônomo do Observatório Nacional enfatiza que quem possui binóculo, luneta ou algum outro instrumento ótico necessariamente precisa de um filtro específico para proteger os olhos. "Usar esses aparelhos é ainda mais perigoso do que olhar diretamente para o Sol a olho nu. Quando você usa um instrumento ótico, ele vai potencializar e concentrar ainda mais a luz do Sol em um ponto. Logo, se você olha com um binóculo, uma luneta ou um telescópio, você vai ter um efeito prejudicial muito potencializado, muito maior."

Filipe Monteiro diz que se a pessoa não tiver segurança ou conhecimento para utilizar esses equipamentos, o melhor é não usá-los. Outra dica é procurar grupos ou clubes de astronomia para saber como utilizar da melhor forma.

Quais são as formas de observação indireta?

Quem não tiver o filtro ideal para a observação direta do eclipse anular pode usar técnicas de visualização indireta. Uma delas é fazer um furo em um papel ou papelão e este então é posicionado de forma a apontar para o Sol. Assim, a imagem do Sol é projetada num anteparo atrás da folha, que pode ser uma parede, outro papel ou qualquer superfície limpa. Em hipótese alguma deve-se olhar para o Sol através do furo que foi feito no papel.

Outro método é pelo uso de uma caixa de papelão onde um furo é feito numa das paredes, por onde entra a luz do Sol, que é então projetada na parede oposta. Você pode deixar a caixa destampada ou fazer uma pequena janela, através da qual poderá verificar a projeção do Sol.

Haverá transmissão ao vivo do eclipse?

Sim. O Observatório Nacional está coordenando uma ação integrada nacional e internacional para observar e transmitir o eclipse anular. Nessa ação, os parceiros internacionais cederão as imagens do eclipse quando estiver ocorrendo na parte oeste dos EUA, parte da América Central e Colômbia. Quando a sombra da Lua atingir o Brasil será a vez de os astrônomos brasileiros cederem suas imagens para os parceiros internacionais.

Para o público, esta ação transformará um evento de 4 minutos em um grande evento de 6 horas de duração. A transmissão pelo canal do YouTube do Observatório Nacional terá início às 11h30, quando o eclipse anular estará começando na costa oeste dos EUA, e vai acompanhar todo o percurso da anularidade até que chegue ao seu final na costa leste do Brasil, por volta das 17h50 (horários de Brasília).

Os planetários vão disponibilizar equipamentos de observação?

Sim. Alguns planetários pelo país terão sessões especiais e auxílio na visualização do fenômeno.

Planetário do Ibirapuera, em São Paulo
O planetário do Parque do Ibirapuera, na capital paulista, não disponibilizará equipamentos para o público observar o eclipse anular do Sul, mas fará uma sessão especial "Eclipse à vista", às 11h, na sala de projeção, onde o astrônomo Marcelo Rubinho explicará os aspectos sobre esse evento que o Sol proporcionará, assim como outras curiosidades. A classificação etária é livre e os ingressos podem ser adquiridos no UrbiaPass: R$ 15 (meia entrada) e R$ 30 (inteira).
Endereço: av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Portão 10 - Ibirapuera, São Paulo (SP)

Planetário do Parque do Carmo, em São Paulo
A programação a partir das 15h estará voltada para observar o eclipse solar. A imagem do fenômeno será projetada com o telescópio e o sunspotter (imagem do Sol no papel). A atividade está prevista para o pátio em frente ao planetário, e é gratuita. Caso tenha mau tempo, haverá projeção via internet.
Endereço: r. John Speers, 137 - Itaquera, São Paulo (SP)

Observatório Abrahão de Moraes, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG/USP), em Vinhedo (SP)
A partir das 15h, o Observatório Abrahão de Moraes, do IAG/USP, na cidade de Vinhedo, estará aberto para acompanhamento e observação do eclipse. O local contará com equipamentos e instrutores à disposição do público que se inscreveu previamente. As vagas já estão esgotadas.

Planetário do Rio de Janeiro
O PlanetáRio disponibilizará ao público telescópios profissionais para a observação, sob a supervisão dos astrônomos do local. Também foram encomendados óculos especiais para a visualização do eclipse, que serão distribuídos aos frequentadores a partir das 13h. O evento é gratuito.
Endereço: rua Vice-Governador Rúbens Berardo, 100 - Gávea, Rio de Janeiro (RJ)

Espaço do Conhecimento de Belo Horizonte (MG)
Das 15h às 18h, a equipe de astronomia do Espaço do Conhecimento na Esplanada do Mineirão disponibilizará um telescópio com filtro especial para o público observar o eclipse de maneira segura. A atividade é gratuita e depende das condições climáticas.
Endereço: Esplanada do Mineirão – av. Presidente Carlos Luz, São Luiz, Belo Horizonte (MG)

Parque da Cidade, Natal (RN)
Uma das duas capitais que poderão assistir ao eclipse anular, Natal (RN) fará um evento aberto à população no Parque da Cidade, organizado pelo Planetário Barca dos Céus, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb).
O evento será das 14h às 18h30 e incluirá atividades pedagógicas explicando aspectos da dinâmica do sistema Sol-Terra-Lua e do que será observado no eclipse, bem como atividades culturais.
O evento é gratuito e aberto ao público, mas cada um precisa levar seu filtro especial para observação. Não serão disponibilizados aparelhos óticos.
Endereço: praça de eventos do Parque da Cidade, em frente ao prédio da administração

Clube de Astronomia da Paraíba, João Pessoa (PB)
A outra capital que terá visão total do eclipse anular é João Pessoa, na Paraíba. O Clube de Astronomia da Paraíba estará no Hotel Globo, no centro histórico da cidade, a partir das 14h30 para auxiliar e tirar dúvidas do público sobre o evento. Mas as pessoas precisam levar os seus próprio óculos especiais para a observação.
Endereço: Hotel Globo, praça São Pedro Gonçalves, 7, Varadouro, João Pessoa (PB)

Quando serão os próximos eclipses observáveis do Brasil?

No próximo dia 28 de outubro haverá o último eclipse visível no país: um lunar penumbral.

Em 2024, três eclipses serão visíveis: dois lunares e um solar. Entre 24 e 25 de março haverá um eclipse lunar penumbral. Entre 17 e 18 de setembro, um eclipse lunar parcial. E em 2 de outubro, um eclipse solar parcial, que terá a visibilidade de cerca de 15% da sombra lunar.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.