Descrição de chapéu The New York Times

Por que você ama (ou ama odiar) música de Natal

Assim como a própria temporada de festas, a nostalgia que esse tipo de som evoca pode ser emocionalmente intensa

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Derrick Bryson Taylor
The New York Times

Já faz pouco mais de um ano desde que o grupo Backstreet Boys lançou seu álbum de Natal, "A Very Backstreet Christmas", e Francine Biondo tem ouvido repetidamente desde então.

Para ser justa, Biondo, 39, que cuida de crianças em Ontário, Canadá, é fã de Nick Carter e talvez até uma fã ainda maior de músicas natalinas. No meio de novembro, a temporada de Natal estava a todo vapor para ela, que tinha planos de decorar uma árvore. Embora normalmente comece a ouvir músicas natalinas depois do Halloween, ela é conhecida por distribuir algumas felicitações natalinas já durante o verão — que no hemisfério norte vai junho a setembro.

"Isso me deixa em um estado de espírito feliz e alegre", disse ela por telefone sobre músicas como "All I Want for Christmas Is You", de Mariah Carey, acrescentando que as canções trazem memórias felizes de sua infância.

Mariah Carey no clipe da música 'All I Want for Christmas Is You' - Reprodução/YouTube

Para Biondo, as músicas fazem mais do que colocá-la no espírito natalino; elas também aumentam sua produtividade.

"Preciso de música para me ajudar a passar o dia", disse ela. "Ouço quando estou limpando a casa e fazendo as coisas do dia a dia. Isso ajuda a me motivar. E com as músicas de Natal, especialmente nesta época do ano, é mais divertido."

Ela pode estar certa.

Segundo Daniel Levitin, autor e músico em Los Angeles e professor emérito de psicologia e neurociência na Universidade McGill em Montreal, pesquisas mostraram que a maioria das pessoas em países ocidentais usa música para se acalmar.

"Elas sabem que existem certos tipos de música que as deixarão de bom humor. A música de Natal é uma opção confiável para muitas delas.'"

Os benefícios da música têm sido estudados há muito tempo. Levitin participou de um estudo em 2013 que concluiu que a música fortalece o sistema imunológico do corpo e reduz o estresse.

Levitin afirmou que ouvir uma música que não é ouvida há muito tempo pode transportar uma pessoa de volta no tempo.

"Essa é a força da música: evocar uma memória", ele disse. "Com essas memórias vêm emoções e possivelmente nostalgia, ou raiva ou frustração, dependendo da sua infância."

Para as pessoas que encontram alegria na música de Natal, o cérebro pode aumentar os níveis de serotonina e liberar prolactina, um hormônio calmante e tranquilizante que é liberado entre mães e bebês durante a amamentação, explicou Levitin.

Por outro lado, se memórias e sentimentos negativos estão associados ao Natal, as mesmas músicas podem fazer com que o cérebro libere cortisol, o hormônio do estresse que aumenta a frequência cardíaca, e acionar a amígdala, o centro do medo do cérebro.

"Há muitas pessoas que, quando chega o Natal, só querem correr para casa, colocar a cabeça debaixo das cobertas e esperar tudo passar", disse Levitin.

A música de Natal, assim como todas as formas de música, é poderosa. Mas esse gênero talvez seja mais potente do que outras formas de música porque a própria temporada de festas é emocionalmente carregada. Ela representa os ideais que a maioria dos seres humanos busca, como igualdade, tolerância, amor e tranquilidade.

"Para alguns de nós, é uma mensagem inspiradora", disse Levitin. "Para outros, apenas destaca quão longe estamos de alcançar isso."

A música natalina cantada para celebrar o solstício de inverno existe há milhares de anos, algumas até anteriores ao cristianismo, de acordo com Alisa Clapp-Itnyre, professora de inglês na Indiana University East. Essas músicas eram cantadas em ambientes comunitários e seculares e, já no terceiro século, o cristianismo adaptou os festivais de Yule para celebrações do nascimento de Jesus. Em seguida, histórias de Jesus foram entrelaçadas em canções natalinas, que ainda eram cantadas em ambientes comunitários, mesmo atravessando divisões de classe.

"Durante os meses escuros do inverno, isso unia as pessoas para celebração e generosidade", disse Clapp-Itnyre, acrescentando que isso ainda acontece hoje em várias formas, como a realização de campanhas de doação pelo Exército da Salvação e o canto de canções natalinas em casas de repouso.

No século 20, canções de Natal como "I'll Be Home for Christmas" e "White Christmas" começaram a refletir o sofrimento que as pessoas estavam enfrentando e trouxeram consolo, especialmente para os soldados da Segunda Guerra Mundial que não podiam estar em casa no Natal.

"Essas músicas estão se tornando populares durante a guerra porque as pessoas estão buscando algo tradicional, algo que elas costumavam conhecer de família e paz e essas boas tradições, mesmo quando todo o seu mundo está sendo destruído em pedaços", disse Clapp-Itnyre.

Os sentimentos positivos associados à música de Natal são algo que Vanessa Parvin, proprietária do Manhattan Holiday Carolers, empresa de entretenimento de feriados, conhece bem. Parvin, 45, canta música de Natal profissionalmente desde 1999.

Parte da alegria, ela disse, é "contribuir para a experiência mágica e nostálgica de outras pessoas durante as festas", o que pode significar honrar pedidos de músicas que lembram os convidados de suas infâncias ou parentes falecidos.

Embora ela tenha um repertório memorizado de cerca de 90 músicas de Natal, há uma que evoca memórias de sua própria família.

"‘O Little Town of Bethlehem’ era a favorita da minha avó, então isso não me faz pensar em cantarolar", ela disse. "Isso me faz pensar na minha avó e na minha mãe."

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