Blue Origin volta ao espaço após pausa causada por acidente

Voo é passo importante para que a empresa de Jeff Bezos retome turismo espacial

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Issam Ahmed Lucie Aubourg
AFP

Um foguete New Shepard, da Blue Origin, foi lançado nesta terça-feira (19). O voo marca o retorno ao espaço da empresa, fundada pelo milionário americano Jeff Bezos, mais de um ano depois de um acidente.

Dez minutos depois do lançamento, a cápsula da missão não tripulada NS-24, que continha material científico, pousou no deserto, segundo uma transmissão ao vivo.

A volta ao espaço era necessária para que a empresa possa retomar as viagens de turismo espacial, que já permitiram que 31 pessoas passassem alguns minutos além do limite da atmosfera terrestre.

O foguete decolou com sucesso do oeste do Texas, às 16h43 GMT (13h43 em Brasília). Seu motor principal, que é reutilizável, pousou sem complicações menos de oito minutos depois, nas planícies áridas do sul dos Estados Unidos.

Lançamento da Blue Origin em base na região de Van Horn, Texas - Jose Romero/Blue Origin/AFP

O lançamento, inicialmente previsto para segunda-feira (18), foi adiado "devido a um problema com os sistemas terrestres", informou a Blue Origin na rede social X.

A missão, sem tripulantes, levou experimentos científicos, dos quais mais da metade foram desenvolvidos com o apoio da Nasa.

A cápsula que continha esse equipamento pousou no deserto com a ajuda de paraquedas dez minutos após a decolagem e depois de ter ultrapassado o limite do espaço, voando por alguns momentos até 107 km acima da Terra.

O acidente ocorrido em setembro de 2022 provocou a queda do módulo de propulsão do foguete, que, naquele momento, tampouco transportava passageiros.

A agência reguladora de aviação americana (FAA, na sigla em inglês) abriu uma investigação, concluída em setembro. Segundo a apuração, o acidente foi causado por uma temperatura mais alta do que o esperado em um bico do motor.

Para poder retomar os voos, a FAA pediu à empresa que fizesse mudanças, a exemplo da alteraração do design de determinados componentes do motor.

O regulador confirmou à AFP que havia aprovado a licença de voo modificada apresentada pela Blue Origin.

Novos horizontes

No total, a empresa realizou seis voos tripulados (alguns passageiros eram clientes pagantes e outros voaram como convidados) desde julho de 2021, quando o próprio Bezos participou do primeiro deles.

Durante o tempo em que a Blue Origin permaneceu em terra, sua concorrente, a Virgin Galactic, fundada pelo milionário britânico Richard Branson, avançou, registrando cinco voos comerciais neste ano.

As duas empresas competem no emergente setor do turismo espacial, operando no espaço suborbital.

A Blue Origin utiliza um pequeno foguete verticalmente, e a Virgin Galactic, um grande avião para ganhar altitude, que leva acoplada uma nave menor, propulsada por um foguete que conclui a viagem ao espaço.

Nos dois casos, os passageiros desfrutam por alguns minutos da falta de gravidade e podem contemplar a Terra através de grandes vidraças.

As passagens da Virgin Galactic foram vendidas por US$ 200 mil a US$ 450 mil (R$ 973 mil e R$ 2,1 milhões). A Blue Origin não divulga os preços que cobra.

A empresa de Bezos pode se gabar de que quase toda a sua plataforma de foguetes é reutilizável, inclusive o propulsor, a cápsula, o motor, o trem de pouso e o paraquedas.

Seu motor é movido a oxigênio líquido e hidrogênio, o que significa que o único subproduto do voo é vapor d'água, sem emissões de carbono.

A Blue Origin também desenvolve um foguete pesado com fins comerciais chamado New Glenn, cujo voo inaugural está previsto para o ano que vem. Com 98 metros de altura, ele foi projetado para levar cargas de até 45 toneladas métricas para a órbita terrestre baixa.

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