Descrição de chapéu astronomia

Intensos campos magnéticos formam espiral em torno de buraco negro no centro da Via Láctea

Sagitário A possui uma estrutura de polarização surpreendentemente similar à observada no M87

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Paris | AFP

Astrônomos descobriram poderosos campos magnéticos que se enrolam em espiral ao redor do buraco negro supermassivo Sagitário A*, localizado no coração da Via Láctea. O Observatório Europeu do Sul (ESO) fez o anúncio nesta quarta-feira (27).

Produzida em colaboração com o Telescópio do Horizonte de Eventos (EHT), a imagem de luz polarizada revela uma estrutura surpreendentemente semelhante à observada no buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia M87*, o primeiro do qual uma imagem foi obtida.

Linhas marcam a orientação da polarização relacionada ao campo magnético ao redor da sombra do buraco negro supermassivo Sagitário A*, localizado no centro da Via Láctea
Linhas marcam a orientação da polarização relacionada ao campo magnético ao redor da sombra do buraco negro supermassivo Sagitário A*, localizado no centro da Via Láctea - Observatório Europeu do Sul/AFP

"O que vemos agora é que existem campos magnéticos fortes, torcidos em forma de espiral e organizados próximos ao buraco negro no centro da galáxia Via Láctea", afirmou Sara Issaoun, bolsista de pós-doutorado no Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian, nos Estados Unidos, e colíder do projeto.

Sagitário A* possui uma estrutura de polarização surpreendentemente similar à observada no buraco negro M87*. "Aprendemos que os campos magnéticos fortes e ordenados são fundamentais para a forma como os buracos negros interagem com o gás e a matéria ao seu redor", disse ela.

A observação em luz polarizada permite isolar uma parte da radiação luminosa e revelar algumas de suas peculiaridades.

Os buracos negros supermassivos ficam no centro das galáxias, com massa entre um milhão e bilhões de vezes a do Sol. Supõe-se que tenham aparecido muito cedo no Universo, mas sua formação ainda é um mistério.

A massa dos buracos negros é tão grande que sua atração gravitacional impede até mesmo a saída da luz —daí seu nome— e, portanto, não podem ser observados diretamente.

Mas com M87* em 2019 e Sagitário A* em 2022, o EHT capturou a imagem do halo de luz que é produzido pelos fluxos de matéria e gás que o buraco negro atrai e parcialmente rejeita.

"Ao obter imagens da luz polarizada proveniente do gás quente e brilhante próximo aos buracos negros, estamos deduzindo diretamente a estrutura e a força dos campos magnéticos que atravessam o fluxo de gás e matéria dos quais se alimentam e, ao mesmo tempo, expulsam", explicou Angelo Ricarte, bolsista de pós-doutorado da Iniciativa de Buracos Negros de Harvard e colíder do projeto.

Mariafelicia De Laurentis, responsável adjunta do departamento científico do projeto EHT, apontou que com uma amostra de dois buracos negros é importante determinar no que eles se assemelham e no que se diferem. "Em ambos os casos, os dados indicam que possuem campos magnéticos fortes, o que sugere que essa pode ser uma característica universal e talvez fundamental desse tipo de sistemas."

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