Descrição de chapéu Estados Unidos

SpaceX lança Starship, que faz voo 'quase orbital' e é perdido na reentrada

Espaçonave deve ser usada pela Nasa para levar astronautas de volta à Lua nesta década

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Starship pouco depois de deixar base de lançamento em Boca Chica, no Texas (EUA), nesta quinta-feira (14) Chandan Khanna/AFP

São Paulo

A SpaceX realizou com sucesso o terceiro lançamento de seu veículo Starship, destinado a levar humanos à superfície da Lua ainda nesta década. O voo "quase orbital" (não chega a dar uma volta na Terra, mas demonstra a capacidade de atingir a órbita) partiu de Starbase, centro da companhia em Boca Chica, no Texas (Estados Unidos), às 10h25 desta quinta-feira (14).

A exemplo do que havia acontecido no segundo voo, os motores do primeiro estágio (o Super Heavy), movidos a metano e oxigênio líquidos, funcionaram a contento até a separação, e o segundo estágio (a espaçonave propriamente dita, chamada também de Starship) fez sua escalada ao espaço, concluída em cerca de oito minutos e meio.

Com isso, foi superado o resultado obtido no segundo voo, realizado em novembro do ano passado e encerrado pelo sistema de autodestruição do segundo estágio após uma anomalia nos motores ao final da queima, pouco antes de chegar à trajetória "quase orbital".

Durante sua estadia no espaço, o Starship conduziu alguns testes tecnológicos, como a abertura e o fechamento da porta da área de carga e a transferência de propelente de um tanque a outro –ações necessárias para o futuro uso do veículo para o envio de satélites à órbita e seu reabastecimento no espaço para a realização de missões lunares tripuladas.

A reentrada do segundo estágio aconteceu como o previsto, sobre o oceano Índico, mas sem o teste previsto de acionamento de um dos motores no espaço. Imagens espetaculares do início da reentrada foram transmitidas ao vivo, até a perda de contato com o veículo, com cerca de 49 minutos de voo. Uma análise preliminar indicou que ele não sobreviveu ao violento reencontro com a atmosfera terrestre.

Não é um grande problema neste momento. A SpaceX tinha por objetivo levá-lo até uma descida na água, mas, como se trata do primeiro teste do sistema térmico para o retorno à Terra –funcionalidade desnecessária para o uso do foguete como lançador de satélites–, não é inesperado que ele não tenha funcionado.

Já o primeiro estágio teve desempenho marcadamente superior ao do segundo voo no que diz respeito ao retorno ao solo. Depois da separação, com pouco mais de sete minutos, ele conseguiu realizar a manobra propulsada de retorno e foi conduzido ao oceano Atlântico de forma controlada até muito perto do momento do acendimento dos motores para um pouso na água. Contudo, pouco antes disso, o veículo oscilou bastante no ar, e, no acendimento, o contato foi perdido –marcando mais uma manobra não essencial não completada.

Essas são manobras que a SpaceX já realiza de forma corriqueira pelo primeiro estágio do foguete Falcon 9, principal lançador da companhia, mas é natural que os procedimentos precisem de ajustes, levando em conta um veículo muito maior e mais motores embarcados (são 33 ao todo no primeiro estágio do Starship, contra nove do Falcon 9). O que se viu no teste enseja que o problema está em vias de ser solucionado.

Com o sucesso numa escalada até a órbita, começa a se abrir o caminho para o início do uso comercial do Starship como veículo transportador de satélites e também para a recuperação efetiva dos estágios para novos voos.

A SpaceX espera fazer outros seis lançamentos do Starship ainda neste ano –o que ainda é pouco para qualificar todas as novas tecnologias do veículo e viabilizar seu uso na missão Artemis 3, da Nasa, destinada a levar astronautas à superfície da Lua.

Estima-se que serão precisos ao menos dez lançamentos em rápida sucessão para o reabastecimento em órbita requerido para uma missão lunar de ida e volta, e a empresa espera ter realizado cerca de cem voos do Starship antes de colocar uma tripulação nele. Será desafiador cumprir isso até o final de 2026, para quando está marcada a Artemis 3. É uma boa aposta que vá atrasar.

De toda forma, o sucesso deste terceiro voo ao atingir a órbita já demonstra a condição operacional do maior e mais poderoso foguete já construído em toda a história –o arauto de uma nova era na conquista do espaço.

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