Adriana Fernandes

Jornalista em Brasília, onde acompanha os principais acontecimentos econômicos e políticos há mais de 25 anos

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Adriana Fernandes
Descrição de chapéu
PIB

Após ato de Bolsonaro, motores estão ligados no governo para dar gás extra ao PIB

Na Esplanada, aumentam as vozes com propostas para acelerar o crescimento; a aposta maior é o crédito

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O governo Lula está acionando os motores para dar um gás extra no PIB no primeiro semestre deste ano após Jair Bolsonaro reunir milhares de apoiadores em ato, em São Paulo, no domingo (25).

Na contramão das previsões mais do que pessimistas dos analistas no início do terceiro mandato do presidente Lula, a alta de 2,9% da economia brasileira (muito perto dos 3% esperados) do PIB em 2023 foi melhor do que se esperava no início do governo.

O PIB do ano não foi ruim. Ao contrário. Mas o resultado da atividade econômica no segundo semestre mostrou o outro lado da moeda do PIB.

0
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (1º) Zanone Fraissat/Folhapress - Zanone Fraissat/Folhapress

Os dados do IBGE desta sexta-feira (1º) mostram uma estagnação preocupante para o cenário deste ano, embora as previsões muito baixas de PIB dos analistas estejam sendo revistas para cima.

O emprego está indo bem neste ano, o que é bom para Lula. Mas o governo vê que precisa reagir. A popularidade do presidente está calcada na economia.

Desde o final do ano passado, a aprovação das medidas de aumento de receitas pelo Congresso e o resultado acima do esperado na arrecadação nos primeiros meses do ano —que adiou o debate de mudança da meta fiscal— garantiram ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) um pouco mais de tranquilidade para trabalhar sem a pressão política forte por mais PIB.

A partir de agora, o cenário dá sinais de mudanças.

A manifestação arregimentada pelo ex-presidente Bolsonaro reforçou a preocupação de aliados do presidente (Lula reconheceu que foi grande e chamou de ato a favor do golpe) de que a agenda de ajuste fiscal do Ministério da Fazenda empurre uma parcela maior da população para o bolsonarismo.

No dia seguinte ao ato, técnicos do Palácio do Planalto e da equipe econômica já estavam em ritmo frenético preparando a MP que revogou a reoneração da folha. Na noite de terça (27), o presidente Lula assinou a MP.

Haddad teve de ceder e alterar a sua estratégia de empurrar com a barriga a revogação da desoneração da folha (o acordo político já tinha sido tomado em janeiro) para não ter de fazer um bloqueio de despesas maior no final de março, na primeira avaliação bimestral do Orçamento.

Desde o início do ano, o governo discute mais intensamente medidas para estimular o crescimento e o investimento no primeiro semestre deste ano.

A decisão de antecipar o pagamento de R$ 30 bilhões de precatórios em fevereiro é uma delas.

O governo também avalia antecipar o pagamento do décimo terceiro para os segurados do INSS em maio e junho.

A decisão não foi tomada, mas a simples possibilidade de que aconteça já animou os aposentados e o comércio. A informação, não confirmada pelo INSS, de que o pagamento da primeira parcela só aconteceria em agosto, provocou o contrário.

Na Esplanada dos Ministérios, aumentam as vozes com propostas para acelerar o crescimento. A aposta maior é o crédito.

A mais recente delas é a liberação de uma parcela de 5% dos recursos da poupança, hoje parada em depósitos compulsórios no BC e que poderia injetar cerca de R$ 20 bilhões na capacidade da Caixa de financiar a compra da casa própria. A ideia foi apresentada pela vice-presidente de Habitação do banco, Inês Magalhães, em entrevista à Folha.

Reportagem do UOL revelou outra medida em estudo: uma modificação na concessão de crédito do Pronampe (programa de apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) para liberar R$ 1,5 bilhão para empréstimos com a garantia do Tesouro e estimular os inscritos no Cadastro Único —a maioria do Bolsa Família— tornarem empreendedores.

A criatividade está solta. Haddad terá mais dificuldades para fazer as escolhas e administrar as pressões.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.