Alexandra Moraes - Ombudsman

Jornalista e quadrinista, é ombudsman da Folha. Já foi secretária-assistente de Redação, editora de Diversidade e editora-adjunta de Especiais e Ilustrada.

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Alexandra Moraes - Ombudsman
Descrição de chapéu X STF

Como descrever Elon Musk (e as queixas sobre novo formato da Folha)

Leitor questiona resumo biográfico feito pelo jornal e o que falta ser dito sobre o bilionário

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"Elon Musk é presidente-executivo da Tesla e da SpaceX. Foi um dos fundadores da empresa de tecnologia que deu origem ao PayPal, a Zip2. Em 2022, o bilionário comprou o Twitter por US$ 44 bilhões. Em 2023, Musk decidiu mudar o logotipo da rede social para X, deixando de lado o icônico passarinho azul."

Elon Musk era descrito assim até a última segunda (2) no tópico da Folha que reúne as notícias sobre ele.

Um leitor chamou a atenção. "A minibio no tópico Elon Musk parece feita pelo ChatGPT de tão genérica: não cita os negócios dele no Brasil, o interesse nos minérios da Amazônia nem sequer qualquer controvérsia."

Depois do alerta, o texto foi editado e ganhou um complemento: "O X foi bloqueado no Brasil em 2024 por determinação de Alexandre de Moraes, do STF, após Musk fechar as operações da empresa no Brasil e não indicar um representante legal".

Para o leitor, "a Folha parece fingir acreditar que é pela liberdade de expressão que Musk atua no Brasil". Apesar disso, o próprio jornal havia apontado que "Moraes cita reportagem de abril da Folha que mostrou que o dono do X, Elon Musk, tem cumprido, sem reclamar, centenas de ordens de remoção de conteúdo vindas dos governos da Índia e da Turquia".

A proibição do acesso direto à rede de Musk no país chega ao nono dia sem sopro de mudança. A cobertura, porém, é intensa. Leitores questionam a iniciativa da Folha de usar correspondentes para postar no X e cobrir a rede com uma nova coluna.

Ao repercutir o vácuo interpretativo da decisão de Moraes sobre o uso de VPN para acessar o X, o jornal também ouviu um especialista que enquadrou a iniciativa da Folha como passível de questionamento, como esses leitores. A falta de clareza na decisão acaba servindo ao caos que é caro ao bilionário.

Uma caixa de emergência com uma lupa dentro e um martelinho para quebrar o vidro. No vidro lê-se "Projeto Novo Quebre o Vidro".
Ilustração de Carvall para coluna da Ombudsman de 8 de setembro de 2024 - Carvall /Folhapress

Enquanto isso, a revista Wired afirma ver sinais de hesitação de Musk ante a briga com Moraes, mas os cartazes e discursos do 7 de Setembro impulsionados pelo bilionário reafirmam, pelo contrário, sua inflamação.

Já a Folha fez uma boa reportagem sobre como os negócios de Musk aqui são comercialmente insignificantes para ele. Mas ainda falta contexto do ponto de vista geopolítico –não à toa, o empréstimo para a compra do Twitter foi considerado o pior para bancos desde a crise de 2008, segundo o Wall Street Journal. E é aí que viram um problema as palavras na descrição do bilionário que eliminou o passarinho azul.

É possível defender a ideia de que o X seja um cantinho da liberdade de expressão tanto quanto é razoável notar que a condução da plataforma por Musk sempre se orientou politicamente pelo caos. Vale recordar uma coluna de Luís Francisco Carvalho Filho escrita em abril e descrita como profética por um comentarista.

"Não é bravata. É articulação política. Conforta e estimula a militância da extrema direita. Sem nunca mencionar a tentativa de golpe de Estado quando reclama de inquéritos secretos, decisões sigilosas e censura à liberdade de expressão, Musk finge se mover por um liberalismo ideológico que a rigor não existe e confere a Bolsonaro e aliados o status de vítimas."

Houve excesso de confiança no Twitter como ágora, assim como há espanto diante de sua revelação como circo máximo.

NOVO FORMATO

Apesar de menor, a nova Edição Folha (versão impressa e digital) chegou fazendo barulho.

A polêmica veio de brinde no novo jornal. Leitora escreveu para reclamar do excesso de destaque ao novo formato antes mesmo de sua estreia. "Não bastassem as propagandas, que acredito serem cabíveis, há todos os dias mais de uma matéria sobre isso, com chamada na capa. Como se isso fosse realmente um evento importante para o país."

Mensagens de leitores decepcionados falam de jornal mais pesado ("horrível manusear, provoca dores nos pulsos") e letras menores ("pensem nos leitores idosos!", escreve uma delas, com a exclamação). Mas a principal reclamação recebida pela ombudsman foi sobre a impossibilidade de dividir e compartilhar os cadernos durante a leitura.

Questionada sobre eventuais ajustes, a Secretaria de Redação responde: "O projeto atual já contempla a possibilidade de divisão em mais de um caderno, como ocorrerá pelo menos às sextas (com o Guia destacado) e aos domingos (Ilustrada/Ilustríssima). Estamos estudando aperfeiçoamentos levando em conta essas e outras queixas dos leitores".

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