Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu

Dá-lhe, Ricardinho

Jóquei brasileiro bateu recorde mundial e quase ninguém viu 

O brasileiro Jorge Ricardo, que quebrou o recorde mundial de vitórias no turfe
O brasileiro Jorge Ricardo, que quebrou o recorde mundial de vitórias no turfe - Carl de Souza/AFP

Um amigo esteve no Jockey Club e saiu espantado e, ao mesmo tempo, encantado com tanta elegância e decadência. Das tribunas, a vista não é mesma do tempo da inauguração em 1926 —quando a inexistência de construções permitia ver ao longe o mar e as ilhas Cagarras—, mas ainda é de encher os olhos. Não à toa, o hipódromo continua um cenário perfeito para o cinema e a televisão. No passado, atores como Milton Moraes e Wilson Grey viviam apostando nos cavalinhos. Eles nem precisavam mudar o figurino.

A rigor, o Hipódromo da Gávea fica mais no Jardim Botânico do que na Gávea. O poeta Tite de Lemos, que não perdia um programa dominical, sugeriu um nome melhor: Corcovado Park. Mais afim com a época em que os cavalheiros usavam casaca cinzenta e gravata plastrom; as damas, chapelões pesados de flores ou plumas e, nos pulsos, braceletes espetaculares. 

Era impensável um Grande Prêmio Brasil a que não comparecesse o presidente da República. Hoje nenhum dá as caras (e não é por medo das vaias). Até pouco tempo, era exigido o uso de terno nas tribunas sociais. Atualmente os viciados no jogo rondam por lá de bermudas e havaianas, oferecendo aos incautos relógios de grife falsificados. Só a ruína explica por que uma grande façanha do esporte brasileiro, que teve o prado carioca como palco, não tenha tido repercussão à altura.

Em fevereiro, Jorge Ricardo igualou, num páreo noturno quase sem presença de público, o recorde mundial de vitórias no turfe: 12.844. Na semana seguinte, Ricardinho ultrapassou a marca, no Hipódromo de San Isidro, em Buenos Aires, onde mora e é ídolo. Aos 56 anos, o brasileiro deixou para trás o canadense Russell Baze, que já aposentou o chicote. O objetivo agora é ampliar a vantagem.

Sugestão de aposta: no jogo do bicho, o número 12.844 equivale ao grupo do cavalo.

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