Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva

Aldir Blanc ganha estátua e vira alameda

Morto há três anos de Covid, compositor recebe a homenagem que Bolsonaro lhe negou

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Quando eu ficar assim/ Morrendo atrás do porre/ Maracanã, meu rio/ Ai, corre, me socorre/ Injeta em minhas veias/ Teu soro poluído/ De pilha e folha morta/ De aborto criminoso/ De caco de garrafa/ De prego enferrujado/ Os versos de um poeta/ Pneu de bicicleta", diz Aldir Blanc na "Valsa do Maracanã", canção dilacerada que ele assina com o parceiro Paulo Emílio.

Três anos após a sua morte, por Covid, Aldir será lembrado com samba e festa, à margem do rio que tanto o inspirou – de seu apartamento no bairro da Muda dava para ouvir o murmúrio da água – e cujo estado de sujeira e abandono o revoltava. Uma homenagem que não pôde ser feita na época, quando uma cerimônia-relâmpago de dois minutos marcou a despedida, com a mulher, filhas e netas à distância de quatro metros do caixão lacrado.

Chico Buarque dedicou o Prêmio Camões aos artistas humilhados e ofendidos por Bolsonaro. Aldir foi um deles, com João Gilberto, Elza Soares, Beth Carvalho e muitos outros, que não receberam manifestações de solidariedade nem luto oficial. Um comportamento mesquinho que será corrigido pela prefeitura do Rio, na quinta (4), com a inauguração da alameda Aldir Blanc, no trecho da avenida Maracanã entre as ruas Garibaldi e Marechal Trompowski.

A pedido da família, o artista plástico Mello Menezes –melhor amigo do compositor, com quem farreou ao longo de 58 anos– fez a escultura em que Aldir, com longas barbas e cabelos, surge como um corsário perdido nos subúrbios cariocas.

Escultura de Aldir Blanc fotografada pelo autor da obra, o artista plástico Mello Menezes
Escultura de Aldir Blanc fotografada pelo autor da obra, o artista plástico Mello Menezes - Mello Menezes

No sábado (7) haverá o gurufim que a Covid impediu, comandado pelo violonista Tiago Prata. No texto da placa ao lado da escultura, escreve Luís Pimentel: "Aldir passou por aqui. Morou logo ali. Bebeu num bar que a gente vê daqui e seguiu um bloco que dobrou aquela esquina. Agora, olha ele aí. Depois de alvorecer e anoitecer tantas ruas, depois de cantar sonhos nas avenidas, é nome de logradouro".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.