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'Ask for Angela': o discreto código contra assédio sexual se espalha pelo mundo

Campanha criada na Inglaterra estimula vítimas a usar senha para pedir ajuda e deter assediadores em bares e pubs

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Se você ouvir alguém chamando “a Angela” num pub na Inglaterra ou em bares em outros países de língua inglesa, prepare-se para ajudar: muito provavelmente trata-se de uma pessoa em situação vulnerável, tentando escapar de um assédio sexual.

A “Angela”, no caso, é uma personagem fictícia. Ela faz parte de uma campanha simples e criativa contra o assédio sexual chamada “Ask for Angela” (Chame a Angela).

Criada no interior da Inglaterra no final de 2016, a campanha foi adotada aos poucos pelas polícias e serviços sociais de todo o Reino Unido e agora está se espalhando rapidamente por vários países do mundo.

Tudo começou no bucólico distrito de Lincolnshire, no norte da Inglaterra, onde as autoridades colocaram cartazes nos banheiros dos pubs locais apresentando a fictícia personagem.

“Oi, eu sou a Angela”, é a primeira mensagem do cartaz.

O texto continua: “você está em um encontro que não está dando certo? Você não está em uma situação segura? O seu ‘crush’ no Tinder ou no Plenty of Fish não é quem parecia ser? Se você for para o bar agora e chamar ‘a Angela’, os funcionários vão saber que você está precisando de ajuda”.

Os funcionários dos pubs locais foram treinados para entender o discreto código imediatamente.

Ao ouvir a expressão “chame a Angela”, eles sabem que precisam providenciar ajuda –às vezes chamando um táxi ou, em alguns casos, ligando para a polícia.

A escolha do nome da personagem não se deu por acaso. “Angela” é uma corruptela de “angel” (ou anjo, em inglês). No caso, o anjo da guarda que vai salvar as vítimas do assédio.

E a coisa pegou. Tanto que a campanha já foi adotada por muitos bares e pubs ao redor do mundo –especialmente em países de língua inglesa.

Neste mês, as autoridades de regiões da Escócia, da Austrália e da Nova Zelândia anunciaram que estavam aderindo ao código.

Nos Estados Unidos, a coisa também faz sucesso em várias cidades.

Na própria Inglaterra, a campanha tem o apoio da associação de bares e pubs, que vem treinando os funcionários pelo país todo.

Em algumas partes, o negócio até se sofisticou um pouco.

Em vez de “chamar a Angela”, as pessoas passaram a pedir no balcão dos pubs um discreto “angel shot” –um drink que na verdade não existe, sendo apenas uma variação do mesmo código da campanha.

Há diferentes opções no pedido do fantasioso drink. Um “angel shot” simples é um pedido básico de ajuda.

Um “angel shot com gelo” significa que a pessoa precisa de um táxi para escapar da situação. E um “angel shot com limão” é um pedido para o bartender chamar a polícia direto.

Na Inglaterra pelo menos, a campanha acontece tanto em banheiros masculinos como femininos.

Embora o assédio contra as mulheres seja muito maior, existem alguns casos envolvendo também homens –e muitos entre os gays.

Por aqui, a campanha tem sido democrática. Afinal, este é um país orgulhosamente inclusivo.

Seria sensacional se ela pegasse no Brasil também.

Por enquanto, as opções nacionais são ligar para a polícia (190) ou para o Disque Mulher (180).

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