Nestes tempos de guerra e de morte, escrevo um agradecimento às mulheres ucranianas. Donas de traços belos a ponto de abalar mentes frívolas, vocês conseguiram a proeza de impactar a cena eleitoral de um país localizado do outro lado do oceano. E sem fazer esforço. Apenas com seus olhares vívidos e sorrisos "fáceis".
Apesar da visível vulnerabilidade, da "pobreza", da indisfarçável angústia da espera nas filas de refugiados e de todo o estresse de ter de abandonar sua pátria sob ocupação, fizeram um enorme bem à democracia brasileira.
Como?
Livrando o mais populoso e mais rico estado da nossa federação do risco de eleger um péssimo governador, uma figura que se mostrou machista, misógina, preconceituosa, sexista, sem consciência de classe e que acredita estar tudo bem em desrespeitar e objetificar mulheres se o papo ficar entre amigos.
Depois que vazou uma série de áudios vexatórios e indecorosos (para dizer o mínimo) na qual o deputado Arthur do Val compartilha as impressões que colheu sobre vocês durante uma suposta missão humanitária, a máscara caiu —e a casa também.
Opa! Desculpem se as assustei. Trata-se de força de expressão, pois as bombas por aqui são de "efeito moral".
Compelido a retirar a pré-candidatura ao governo de São Paulo, o parlamentar é alvo de 21 pedidos de cassação de mandato por quebra de decoro. O relator do processo na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, pasmem, tudo indica será um homem, apesar de a comissão contar com três mulheres e de a indicação da relatoria ser feita por uma delas.
Vamos ver se Deus é brasileiro como muitos afirmam. Caso positivo, pelos próximos oito anos o país irá se livrar de um político que se mostrou despreparado para o exercício do mandato que lhe foi confiado. Sobretudo numa nação majoritariamente feminina.
Por isso, meu obrigada a vocês, ucranianas. Não é novidade que beleza não põe mesa, mas agora se sabe que pode detonar candidaturas.
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